Projeto sobre doenças neurodegenerativas vence Prémio João Lobo Antunes

22 de Dezembro 2020

O médico João Durães foi o vencedor da edição deste ano do Prémio João Lobo Antunes, com um projeto para investigar a importância dos ciclos fisiológicos no comportamento de pessoas com doenças neurodegenerativas, como a Alzheimer.

Atribuído hoje pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, esta bolsa de 40 mil euros é destinada a licenciados em medicina em regime de internato médico e pretende estimular a cultura científica e a investigação clínica na área das neurociências.

João Durães disse à Lusa que a investigação, que envolve o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e o Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra, vai arrancar no início de 2021, com resultados finais esperados para dentro de dois a três anos.

Os ritmos circadianos são ciclos fisiológicos e comportamentais com periodicidade de aproximadamente 24 horas, como ritmos de sono-vigília, de repouso-atividade, de temperatura, hormonais e genéticos. Vários estudos demonstram que a perturbação do ritmo circadiano é fator de risco para doenças neurodegenerativas.

“O nosso trabalho vai basear-se numa avaliação completa do ritmo circadiano em pessoas com doença de Alzheimer ou demência por corpos de Lewy, as duas demências neurodegenerativas mais frequentes. Após essa avaliação completa, que incluiu os ritmos de atividade, de sono, hormonais e genéticos, vamos realizar uma intervenção baseada no que encontramos nesta primeira abordagem”, referiu o investigador.

João Durães adiantou que um dos objetivos da investigação passa por aferir se uma “intervenção personalizada baseada nestes achados de alteração do ritmo do circadiano trará algum benefício ao nível comportamental, mas também ao nível do impacto no cuidador e na sociedade”.

“Se nós conseguirmos, através destas terapêuticas, que são relativamente acessíveis, melhorar as alterações comportamentais destes doentes, teremos logo uma melhoria significativa da sua qualidade de vida, como também do cuidador e ao nível comunitário, no caso das instituições de acolhimento”, referiu à Lusa.

As alterações comportamentais afetam aproximadamente 90% dos doentes com demência, sendo dos principais motivos para institucionalização e perturbação no domicílio e nas instituições.

Este estudo, utilizando a experiência de uma equipa multidisciplinar, incluindo neurologistas, neuropsicólogos e uma equipa de investigação básica com experiência na área da cronobiologia, pretende contribuir para um tratamento inovador e personalizado para doentes com demência, referiu.

LUSA/HN

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