“A vacina do [instituto] Butantan só está em São Paulo e no Brasil porque foi investimento do governo do estado de São Paulo, ministro [da Saúde, Eduardo Pazuello]. Não há um centavo até agora, até agora, do governo federal, para a vacina, nem para o estudo, nem para a compra, nem para a pesquisa. Nada. Chega de mentira, ministro. Trabalhe pela saúde do seu povo, seja honesto”, afirmou João Dória, numa entrevista coletiva, citada pelo Globo.
O ministro da Saúde brasileiro afirmou que, após a aprovação do uso de emergência de duas vacinas no país pelo regulador, na quarta-feira arrancará no país a “maior campanha de imunização” contra a Covid-19 no mundo.
Embora Pazuello tenha anunciado o início da vacinação a nível nacional na próxima quarta-feira, o gabinete do governador de São Paulo antecipou-a e, num ato simbólico e também controverso, uma enfermeira da rede de saúde pública foi inoculada com a primeira dose da vacina ‘Coronavac’, tornando-se a primeira cidadã brasileira a ser imunizada contra o SARS-CoV-2 no país.
Segundo o ministro, o governo de São Paulo cometeu um ato ilegal porque se apropriou de uma vacina pertencente ao governo federal do Brasil para ser utilizada num evento com fins eleitorais, e terá de responder por isto na justiça.
Pazuello acrescentou ainda que o Ministério da Saúde adquiriu todas as vacinas que se encontram no Instituto Butantan e que assinou um contrato de exclusividade para que nenhuma das doses pudesse ser administrada no estado de São Paulo sem autorização.
Na entrevista, João Dória mostrou-se “atónito com as declarações do ministro da saúde do Brasil”.
“Diz o ministro Eduardo Pazuello: ‘as vacinas foram compradas com dinheiro do SUS [Sistema Único de Saúde], do governo federal, e não com o dinheiro do governo de São Paulo’. Ministro, é inacreditável, como ministro do Estado da Saúde, sem o menor zelo com a saúde, sem ser médico, sem ter conhecimento nenhum da saúde, sem planejamento, um desastre completo na saúde, ainda mente ao dizer isso”, afirmou.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou ontem, por decisão unânime dos seus cinco diretores, a utilização de emergência das vacinas do laboratório chinês Sinovac e a desenvolvida conjuntamente pela empresa farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca e pela Universidade de Oxford.
A decisão da Anvisa permite por agora a utilização de seis milhões de vacinas Sinovac importadas da China e que foram embaladas e rotuladas no Instituto Butantan, um órgão dependente do governo de São Paulo, e dois milhões de doses do imunizante AstraZeneca que o Brasil espera receber esta semana da Índia.
Com cerca de 210.000 mortos e 8,4 milhões de casos, o Brasil é o segundo país com mais mortes no mundo associadas à Covid-19, depois dos Estados Unidos, e o terceiro com mais infeções pelo novo coronavírus, depois dos EUA e da Índia.
LUSA/HN
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