Pelo menos, em comparação com outras vias de transmissão possíveis.
No primeiro estudo, realizado entre abril e junho de 2020, foram recolhidas quase 350 amostras de diversas superfícies, tais como puxadores das portas de entrada de empresas, tampas de caixotes do lixo, teclados de ATM e botões de semáforos. Destas amostras, 29 (aproximadamente 8%) foram positivas, ou seja, continham material genético do coronavírus.
No entanto, as concentrações eram tão baixas que o risco de infeção por tocar numa superfície contaminada foi também considerado baixo. “Menos de 5 em 10.000”, segundo Timothy Julian, do departamento de Microbiologia Ambiental do Eawag.
O estudo, realizado em Somerville, um subúrbio de Boston, Massachusetts, com uma população de cerca de 80.000 habitantes, foi conduzido pela estudante de doutoramento Abigail Harvey e pela Prof. Amy Pickering, da Universidade de Tufts (Medford/Somerville) .
Apesar das notícias tranquilizadoras de que as superfícies de alto contacto desempenham provavelmente um papel mínimo na transmissão do SARS-CoV-2, os cientistas sugerem que a amostra deve ser realizada regularmente: as superfícies foram tocadas por diferentes pessoas até 30 vezes por hora e registou-se uma correspondência entre a taxa de positividade das amostras de superfícies e a deteção de novos casos de infeção através de testes clínicos.
Timothy Julian conclui que “tal como com as amostras de águas residuais, a vigilância do RNA do SARS-CoV-2 em superfícies de elevado contacto poderia ser uma ferramenta útil – para além dos testes clínicos – para fornecer um alerta precoce acerca das tendências da infeção”.
No segundo estudo, liderado por Ana Karina Pitol, do Imperial College de Londres, foram utilizados modelos de avaliação de risco para analisar a eficácia da desinfeção superficial e manual na redução do risco de transmissão através de superfícies contaminadas. Os resultados são inequívocos: enquanto que a eficácia da desinfeção das superfícies depende de numerosos fatores e é relativamente limitada, a desinfeção das mãos reduz substancialmente os riscos de infeção.
Sob certas condições, contudo, os riscos de transmissão através de botões, puxadores ou teclados não podem ser negligenciados. Como sublinha Timothy Julian, “tendo em conta as dezenas de objetos em que tocamos, o risco de infeção de uma pessoa aumentará naturalmente se muitas pessoas forem portadoras do vírus – embora o risco de outras vias de transmissão também aumente, particularmente se não for observado o distanciamento social”.
As superfícies que as pessoas podem contaminar durante períodos mais longos, tais como pratos ou mesas dos restaurantes, não foram incluídas nestes estudos. De acordo com Timothy Julian, “a probabilidade de alguém tossir ou espirrar sobre uma mesa, e de aí se encontrarem gotículas com cargas virais elevadas, é muito maior do que no caso de um botão ou de uma maçaneta de uma porta. Por esse motivo, continua a ser muito importante que as mesas sejam desinfetadas e que os pratos sejam devidamente lavados”.
Informação bibliográfica completa:
Abigail P. Harvey et al.: Longitudinal Monitoring of SARS-CoV 2 RNA on High-Touch Surfaces in a Community Setting; Environmental Science and Technology Letters, https://dx.doi.org/10.1021/acs.estlett.0c00875
Ana K. Pitol and Timothy R. Julian: Community Transmission of SARS-CoV 2 by Surfaces: Risks and Risk Reduction Strategies; Environmental Science and Technology Letters, https://dx.doi.org/10.1021/acs.estlett.0c00966
AlphaGaleleo/HN/Adelaide Oliveira
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