De acordo com a administração regional, a Linha de Apoio Psicológico da ARS Norte (LAP ARSN), que completou 10 meses de funcionamento no dia 14 de fevereiro, atendeu cerca de 7.700 chamadas de utentes e mais de 150 profissionais de saúde devido à Covid-19.
“Perante esta situação de indefinição que a pandemia nos provoca e a indefinição em termos do tempo do que vai suceder, as reações de ansiedade são as reações mais frequentes”, indicou Luís Pimentel, que integra a equipa de coordenadores da Linha.
Em muitos casos, esta sintomatologia, explica o psicólogo clínico, está relacionada com a alteração dos contextos de vida durante a pandemia, no âmbito da vida familiar e na dinâmica profissional, que se traduzem numa “reserva de contacto e de proximidade” com os outros.
Para os profissionais de saúde, a linha tem um papel ainda mais relevante, ao permitir que, sob a garantia de anonimato e “confidencialidade total”, se possam “reorganizar” e adaptar ao contexto vivido, muitas vezes causador de “burnout” (esgotamento profissional), não só entre os que estão na linha da frente, mas também na retaguarda e em regime de teletrabalho.
Para além da ansiedade, entre a sintomatologia mais frequente dos contactos feitos para a linha destaca-se a depressão e a perturbação do sono, bem como, no que diz respeito à área social, os problemas com a vivência da doença, e dificuldades na esfera relacional e as dificuldades de natureza económica e os problemas laborais.
Os resultados indicam que em apenas 9% dos casos, houve necessidade de sinalização para a Rede de Cuidados de Saúde Primários.
“Em cada Agrupamento de Centro de Saúde (ACeS) e em cada unidade da DICAD [Divisão de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e Dependências] temos um psicólogo, pelo que, se entendermos que é uma situação que exige continuidade, sinalizamos e, dentro do ACeS, é encontrada a melhor forma de dar seguimento e de responder às necessidades dos utentes”, explicou o psicólogo clínico, salientando que a linha não tem como objetivo a promoção de uma resposta estruturada de acompanhamento psicológico.
À Lusa, Luís Pimentel referiu ainda que a procura pela Linha de apoio criada pela ARS-N tem oscilado ao longo da pandemia, tendo experienciado um primeiro pico, durante a primeira vaga, no mês de maio de 2020, e um novo pico “neste momento”, com um crescimento gradual da procura.
Atualmente a linha conta com 50 profissionais que rotativamente asseguram o apoio psicológico, um número que pode vir a ser reforçado em caso de necessidade, assegura.
Em funcionamento desde 14 de abril de 2020, a linha, que tem como objetivo a promoção da saúde mental, oferece uma primeira resposta de cuidados psicológicos a utentes e profissionais de saúde, contribuindo para uma gestão mais adequada da situação de crise e para a prevenção do pânico, agitação, agressividade, conflitos, violência e doença psicológica.
Disponibilizando cuidados psicológicos, funciona como um espaço de escuta ativa, de expressão emocional, facilitando processos adaptativos e promovendo a resiliência psicológica e um maior bem-estar psíquico.
Tendo como destinatários a população de toda a Região Norte, bem como os profissionais de saúde da própria administração regional, o número 22 04 11 200 funciona de 2.ª a 6.ª feira, dias úteis, das 08:00 às 20:00.
A iniciativa resulta da conjugação de sinergias e cooperação entre as estruturas diretivas e organizativas da ARS Norte, dos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES), das Unidades Locais de Saúde (ULS) e da DICAD.
Lusa/HN
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