O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, anunciou para hoje a entrega pela China do primeiro lote e o CIP lamenta que o Governo não tenha, “pelo menos em domínio público, um plano de vacinação e a sua complementar estratégia logística”.
“O CIP reitera a necessidade de elaboração deste plano de forma detalhada, respeitando o princípio de transparência dos processos”, destaca em comunicado.
O plano deverá permitir “que o processo de vacinação seja transparente e eficaz” em vez de ser “mais uma oportunidade para a deterioração das condições do sistema nacional de saúde e da governação”.
A organização alerta para conflitos de interesses, com profissionais e dirigentes da área da saúde a circular diariamente entre o setor público e privado.
O CIP receia que a falta de um plano possa levar ao “desvio de vacinas para clínicas privadas” num processo em que “poderão ser privilegiadas pessoas que não fazem parte dos grupos prioritários”.
Receia também que “as vacinas possam ser vendidas nos mercados clandestinos como tem acontecido com medicamentos, equipamentos e materiais cirúrgicos que são desviados do Sistema Nacional de Saúde para alimentar as clínicas privadas, mercados informais e farmácias privadas”, escreve no mesmo comunicado.
A ONG sugere que os profissionais da saúde sejam prioritários, a par de outros elementos da linha da frente de combate à pandemia.
A análise do CIP defende ainda que o Governo “deve incluir no plano de vacinação estratégias que definam os locais de vacinação, a logística de distribuição” e “apresentação dos sistemas de frio”.
Deve também ser acautelado um sistema informático para registo eficiente dos vacinados.
Moçambique tem um total acumulado de 606 mortes e 56.595 casos de Covid-19, após uma subida vertiginosa em janeiro.
Só no primeiro mês deste ano, o país registou mais casos e mortes que em todo o ano de 2020, elevando para mais de 300 o número de internamentos, pressionando o sistema de saúde.
Lusa/HN
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