Em entrevista à agência Lusa, Arlindo do Rosário explicou que essa previsão de cobertura, que consta do plano – apontando vacinar 60% da população até 2023 -, foi estabelecida com base na informação atual, face à falta de disponibilidade de vacinas global, e como precaução.
“Na realidade, nós estamos a falar de um plano técnico, mas que necessariamente será – poderá ser – encurtado e eventualmente até apenas num ano, em função da disponibilidade das vacinas”, apontou.
Arlindo do Rosário acrescentou que através da plataforma Covax está prevista a disponibilização a Cabo Verde, este ano, de vacinas suficientes para imunizar 35% da população.
“Se as coisas correrem bem, como esperamos, podemos vacinar muito mais do que 20% da população [conforme prevê o plano de vacinação] ainda este ano de 2021”, garantiu o ministro.
A Covax é uma iniciativa conjunta da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Aliança para o Acesso às Vacinas (GAVI) para fornecer vacinas contra a Covid-19 a países de médio e baixo rendimento, num esforço de dar acesso e distribuir vacinas em todo o mundo.
Arlindo do Rosário explicou que além da plataforma Covax, e do financiamento já garantido junto do Banco Mundial para a aquisição dessa quantidade de vacinas, o Governo cabo-verdiano está em negociações bilaterais analisando a “possibilidade de conseguir também a vacina extra plataforma”.
“Quer dizer que esses 35% podem ir para 40 ou 50%. Mas isso é especulativo”, admitiu Arlindo do Rosário, sem esconder a esperança que a produção de vacinas pelos laboratórios internacionais aumente no segundo semestre do ano, para rever em alta as previsões de cobertura de vacinação também em Cabo Verde.
Certo, insiste, é que Cabo Verde já tem garantida a quantidade de vacinas necessária para imunizar 35% da população “contratada e financiada”, e que mesmo assim inscreveu para este ano, como ponto de partida, vacinar 20% da população, correspondente aos grupos prioritários.
“Estamos a ser sérios”, justificou, alegando tratar-se de um “cálculo com o cenário atual” de disponibilidade de vacinas em todo o mundo.
“Nós esperamos atingir muito mais cedo essa meta”, explicou, referindo-se à taxa de cobertura de vacinação de 60% da população.
O plano nacional de introdução e vacinação contra a Covid-19 em Cabo Verde, aprovado este mês pelo Governo, terá um custo de quase 2,5 milhões de dólares (dois milhões de euros), tendo sido priorizados neste processo os profissionais de saúde, pessoas com doenças crónicas, idosos, professores, profissionais hoteleiros, ligados ao turismo e das fronteiras, polícias, militares e bombeiros.
Para o efeito, “será necessária a aquisição de 267.293 doses” da vacina para a população alvo prioritária, num total de 111.372 pessoas, “e pretende-se vacinar até 2023 um total de 60% da população, sendo 20% em 2021, 20% em 2022 e 20% em 2023”.
“A estratégia foi traçada de acordo com a população alvo definida pelo país e faseada de acordo com as orientações da Organização Mundial da Saúde e a disponibilidade das doses”, lê-se ainda.
Cabo Verde será um dos primeiros países africanos a receber vacinas contra a Covid-19 através da plataforma internacional Covax, anunciou esta semana a Organização das Nações Unidas (ONU).
“A nossa equipa no país está orgulhosa em informar que Cabo Verde foi confirmado como um dos primeiros países africanos a receber o primeiro lote [de vacinas] pela Covax”, disse na segunda-feira Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU.
“Nas próximas semanas, Cabo Verde vai poder comprar e administrar vacinas para cerca de 200 mil pessoas, o que representa 35% da população”, acrescentou Dujarric.
Cabo Verde foi o primeiro país africano a receber apoio económico do Banco Mundial para comprar vacinas, via Covax, com a aprovação de um financiamento adicional de cinco milhões de dólares (cerca de 4,1 milhões de euros) em 11 de fevereiro.
O financiamento adicional será usado para comprar 400 mil doses de vacinas e equipamentos de proteção individual, inclusive máscaras.
LUSA/HN
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