Segundo explicou à Lusa o coordenador do projeto, um dos principais objetivos é aumentar “a biodiversidade em espaços urbanos”, como jardins e parques, contribuindo para “ajudar no controlo de espécies praga”, como as lagartas do pinheiro, predadas pelo chapins e poupas, ou os ratos, caçados pelas rapinas.
“Queremos que as pessoas vejam as caixas e se perguntem que espécies as vão ocupar e a sua importância”, revelou à Lusa João Tomás, veterinário e técnico de conservação que coordena o projeto promovido pela associação VitaNativa.
Para isso, procuram estabelecer parceiras para a instalação “essencialmente em espaços públicos”, mas poderá acontecer também “com agricultores que tenham produção biológica” para haver alguma ajuda no combate das pragas, adiantou.
João Tomás realçou que o Algarve “tem muita agricultura” e que o projeto pretende mostrar que as aves são também “um caminho para diminuir o uso de pesticidas e que podem ajudar nas pragas, algo que se já se faz há muito em Espanha”.
O veterinário referiu que a associação já foi contactada por proprietários de uma urbanização em Albufeira com pinheiros que se mostraram interessados na instalação de “ninhos para chapins, para ajudar no combate à processionária [lagarta do pinheiro]”.
O projeto é uma das ações vencedoras do Orçamento Participativo Portugal 2018 e tem uma verba de 150 mil euros para promover a diversidade de avifauna na região do Algarve.
Iniciou-se no terreno em julho de 2020 e instalou até agora “mais de 500 caixas em 10 municípios”, sendo que todos, à exceção do de Monchique, deram já uma resposta positiva ao desafio colocado pela associação.
“Está a acontecer maioritariamente em espaço urbano e visa o chapim, a poupa, o estorninho, a coruja das torres, o mocho galego e peneireiros vulgares”, sublinhou João Tomás.
Estão também previstas atividades com as escolas, nomeadamente a “construção de caixas-ninho, e palestras,” mas a sua efetivação está dependente da evolução da pandemia de Covid-19.
Durante a primavera e verão os membros da associação irão visitar as caixas para saber “quantas foram ocupadas e quantas crias nasceram”, estando prevista também a “anilhagem das aves”, atividade que poderá acontecer “em parceria com as escolas”.
Com duração até 2022, as atividades incluem a “limpeza das caixas durante o inverno” e as visitas de censos ao longo de 2021, estando prevista também a realização de uma tese de mestrado para aferir a “importância das corujas e dos mochos no controle das pragas biológicas”, avançou.
Até junho querem chegar a “cerca de 800 caixas instaladas” para poderem ter “duas épocas de reprodução” como alvo de estudo e apresentação de “resultados mais sustentados”, concluiu.
LUSA/HN
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