Ministro da Saúde alemão lamenta suspensão da vacina da AstraZeneca por países europeus

12 de Março 2021

 O ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, lamentou hoje que vários países europeus tenham suspendido temporariamente o uso da vacina contra a Covid-19 da AstraZeneca, dizendo não reconhecer os riscos que foram invocados.

Nos últimos dias, vários países – incluindo a Itália, Noruega, Áustria, Estónia, Lituânia, Letónia, Luxemburgo e Dinamarca – interromperam o uso da vacina da AstraZeneca, após relatos de casos graves de coágulos sanguíneos em pessoas que foram vacinadas com esta fármaco contra a Covid-19.

O ministro alemão garantiu que levou muito a sério as preocupações sobre este caso, mas salientou que tanto a Agência Europeia de Medicamentos como o Instituto Paul Ehrlich, agência de controlo de medicamentos na Alemanha, determinaram que não existe “um aumento notável da trombose na relação temporal de aplicação da vacina”.

“Lamento que, com base nisso, alguns países da União Europeia tenham suspendido a vacinação com a AstraZeneca”, disse Spahn, durante uma conferência de imprensa em que fez a avaliação da situação epidemiológica do seu país.

O ministro da Saúde alemão lembrou ainda que a maioria dos países não suspendeu o uso da vacina da AstraZeneca, seguindo as recomendações e a avaliação das autoridades competentes e dos peritos.

Jens Spahn disse que a questão que se coloca é “se existe uma relação causal ou apenas, entre aspas, uma relação temporal que, naturalmente, do ponto de vista estatístico, pode ocorrer se três, cinco ou 10 milhões de pessoas forem vacinadas”.

O ministro salientou que a utilidade da vacina da AstraZeneca, mesmo com incidentes que possam ter sido relatados e investigados, é “muito maior” do que os eventuais riscos.

Também o presidente do Instituto Robert Koch, uma agência de virologia, Lothar Wieler, lembrou que na Alemanha 900 mil pessoas morrem estatisticamente a cada ano, principalmente em idade avançada, o que representa a mesma população que está a ser vacinada contra Covid-19.

Wieler disse ser importante determinar se há uma relação causal ou temporal entre os sintomas verificados e a aplicação da vacina, insistindo em que, atualmente, não há indícios de que os incidentes verificados com a vacina da AstraZeneca sejam “estatisticamente significativos”.

O presidente do Instituto Koch recordou ainda que a Alemanha só aprovou o uso das diferentes vacinas depois de as autoridades competentes terem analisado todas as informações disponíveis, para garantir o máximo de segurança.

Até quinta-feira, na Alemanha, 2.674.692 pessoas, 3,2% da população, tinham recebido duas doses de uma das três vacinas disponíveis e 5.756.572 pessoas (6,9% da população), pelo menos uma.

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.630.768 mortos no mundo, resultantes de mais de 118,5 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

LUSA/HN

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André Marques
Estudante do 2º ano do Curso de Especialização em Administração Hospitalar da ENSP NOVA; Vogal do Empreendedorismo e Parcerias da Associação de Estudantes da ENSP NOVA (AEENSP-NOVA); Mestre em Enfermagem Médico-cirúrgica; Enfermeiro especialista em Enfermagem Perioperatória na ULSEDV.

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