Este estudo, com a participação de 207 mulheres, publicado recentemente pela Sociedade Europeia de Oncologia Médica, analisa dez anos da experiência de cinco centros oncológicos – os Hospitais CUF Tejo e CUF Descobertas, o Hospital de Vila Franca de Xira, o Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, o Centro Hospitalar Barreiro-Montijo e o Centro Hospitalar Lisboa Ocidental.
De acordo com a investigadora principal do estudo e oncologista no Hospital CUF Descobertas, Sofia Braga, o estudo “coloca em evidência as características e as necessidades específicas das mulheres jovens com cancro da mama – idades compreendidas entre os 18 e os 35 anos – para que a comunidade médica as possa considerar nas suas abordagens terapêuticas”.
Os especialistas alertam que 45% dos diagnósticos é feito em fases bastante avançadas. A principal razão apontada para os diagnósticos tardios esta relacionada com a falta de rastreio padronizado para esta população. Os investigadores explicam que em Portugal, a idade indicada para o rastreio populacional situa-se a partir dos 50 anos.
Por outro lado, apontam que, em muitos casos, o diagnóstico só é feito pelo aparecimento de sintomas. Segundo os investigadores o facto de a densidade mamária neste grupo populacional ser mais elevada, dificulta a sensibilidade do exame por mamografia, convencionado como o exame preferencial para o diagnóstico do cancro da mama.
Os investigadores sublinham que, no caso das mulheres mais jovens, os tumores têm tendência para ser mais agressivos e as taxas de sobrevivência são piores quando comparadas com uma população mais velha. Os valores situam-se entre 75 e 80% e mulheres com menos de 35 anos nos 80 e 85% em doentes com mais de 35 anos.
Neste sentido Sofia Braga considera urgente alertar esta população para a importância dos rastreios. “Existe urgência em sensibilizar esta população para a necessidade de rastreio oportunista – realização de exames de diagnóstico regulares – da mama em idade jovem, compreender o benefício da aposta em equipamentos de rastreio com maior capacidade de leitura perante a densidade mamária elevada (como, por exemplo, a mamografia 3D – evitando os problemas da sobreposição de estruturas) e de acautelar os diferentes fatores biológicos e necessidades no acompanhamento destas doentes – que para além de multidisciplinar e especializado, deve contemplar equipas de cuidados de suporte, tais como, o aconselhamento genético, o apoio nutricional e emocional, a consulta de fertilidade e até, os cuidados estéticos”.
Este fenómeno tem vindo a ganhar palco dentro da comunidade científica. Na última reunião internacional da European School of Oncology (ESO) e da European Society of Medical Oncology (ESMO), duas das mais relevantes sociedades médicas na área da Oncologia, foram anunciadas novas guidelines clínicas para o tratamento do cancro da mama na população mais jovem.
PR/HN/Vaishaly Camões
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