Reino Unido diz que seria “contraprodutivo” bloquear exportação de vacina da AstraZeneca

21 de Março 2021

O ministro da Defesa britânico, Ben Wallace, reagiu hoje à ameaça da presidente da Comissão Europeia de bloquear as exportações da vacina da AstraZeneca contra a covid-19, dizendo que isso seria “contraprodutivo”.

“A União Europeia sabe que o resto do mundo olha para o modo como a Comissão se comporta” e, “se os contratos e os compromissos são rompidos, seria muito prejudicial para um bloco comercial que se orgulha de [respeitar] a lei”, afirmou hoje Ben Wallace ao canal televisivo SkyNews.

O governante britânico considerou ainda que o bloqueio “seria contraprodutivo”, destacando a natureza colaborativa da produção de vacinas, que implica vários países, explica a agência de notícias francesa AFP.

A concretização da ameaça de Ursula von der Leyen “comprometeria, não apenas as hipóteses de os seus cidadãos [europeus] terem um programa de vacinação apropriado, mas também a de muitos outros países do mundo, e prejudicaria a reputação da UE [União Europeia]”, defendeu Wallace.

“Tentar, de qualquer forma, dividir ou erguer muros não fará nada que não prejudicar os cidadãos da UE e do Reino Unido”, disse, ainda, desta vez em entrevista à BBC.

O ministro britânico respondia às declarações presidente da Comissão Europeia, que admitiu, no sábado, bloquear as exportações da vacina da AstraZeneca, caso a União Europeia não recebesse primeiro as encomendas.

“Temos a opção de proibir quaisquer exportações planeadas. Esta é a mensagem que estamos a enviar à AstraZeneca: respeitem o vosso contrato com a Europa antes de começarem a entregar a outros países”, disse Ursula von der Leyen numa entrevista com o grupo de comunicação social alemão Funke.

A ex-ministra da Defesa alemã acrescentou que “todas as opções estão sobre a mesa”, num aviso claro, sublinhando que os líderes da UE iriam rever a questão da entrega na próxima semana.

A Comissão Europeia anunciou na quinta-feira que iria ativar um procedimento contratual para resolver o litígio com a AstraZeneca, cujas entregas de vacinas contra a covid-19 são significativamente inferiores às inicialmente previstas.

Este procedimento está previsto nos contratos de fornecimento de vacinas da União Europeia (UE).

Cada parte tem a oportunidade de enviar uma carta à outra parte, convidando-a a participar num processo de resolução de litígios que terá lugar 20 dias mais tarde entre os dirigentes executivos da Comissão Europeia e a empresa.

A AstraZeneca deverá entregar 70 milhões de doses da sua vacina contra a covid-19 no segundo trimestre, muito menos do que os 180 milhões prometidos no contrato assinado com a União Europeia.

No primeiro trimestre, espera-se que a UE tenha recebido um total de cerca de 30 milhões de doses da AstraZeneca.

O mecanismo de proibição da exportação de vacinas é primeiro decidido pelo Estado-membro onde a vacina é produzida e depois a Comissão dá a sua luz verde. O mecanismo só foi utilizado uma vez, tendo a Itália bloqueado a exportação de 250.000 doses de vacina AstraZeneca para a Austrália, citando uma “escassez persistente” e “atrasos nas entregas”.

Contudo, nem todos os Estados membros da UE são favoráveis a uma proibição de exportação, com países como a Holanda e a Bélgica – onde grande parte da vacina da AstraZeneca é produzida – a apelar à prudência.

LUSA/HN

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