Investigação compara resposta à pneumónica e à Covid-19 no Pinhal Interior Sul

5 de Abril 2021

Investigadores da Universidade de Lisboa querem saber a resposta que os municípios do Pinhal Interior Sul deram às populações durante a pneumónica, comparando-a com a resposta que está a ser dada à Covid-19.

Em comunicado enviado hoje à agência Lusa, o município de Proença-a-Nova refere que o projeto “Memórias Resgatadas, Identidades (Re)construídas (MRIR)” está a ser desenvolvido pelo Instituto de Educação da Universidade de Lisboa (UL), nos concelhos de Proença-a-Nova, Sertã, Oleiros, Mação e Vila de Rei.

Os investigadores estão a “recolher informação sobre a resposta que os municípios do Pinhal Interior Sul deram às populações durante a pneumónica – ou gripe espanhola – que assolou o mundo em 1918-1919, comparando-a com a resposta que estes mesmos municípios estão a dar atualmente, quando se vive a crise de saúde pública provocada pela covid-19”.

Citado na nota, o investigador da UL António Manuel Silva refere que estão a ser procurados elementos “nos livros de atas das sessões de câmara e das comissões administrativas locais, da imprensa local e regional da época, nos livros dos cemitérios e nos livros de registos de correspondência, das entradas e saídas”.

“Por enquanto, ainda é cedo para apresentar conclusões, mas há certos dados, relacionados com Proença-a-Nova, que se destacam. Por exemplo, a mortandade da população que foi transversal a todas as aldeias e a fome, tendo em conta a escassez de cereais: é preciso recordar que a Europa estava a sair da I Guerra Mundial, seguindo-se depois a pneumónica, que teve também consequências graves”, afirma.

Paralelamente, a equipa da UL está a trabalhar sobre os dados já recolhidos para constituir uma “Memória da Educação”, ao nível local, identificando o património material e imaterial associado à educação e ao ensino (edifícios, iconografia, biografias de pedagogos e professores, efemérides, museus escolares, imprensa local e regional, estatística escolar ou visitas de estudo).

O MRIR desdobra-se em três eixos que se articulam entre si: construção de fontes históricas fundada na recolha, sistematização e produção de conhecimento sobre experiências de escolarização (eixo Memória), identificação do património histórico da educação ao nível da cultural local (eixo Património) e produção de materiais (programas, currículos e módulos temáticos) associados ao ensino e à formação no domínio da história local (eixo Educação).

O projeto, com uma dotação de 200.645 euros, é financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, com cofinanciamento do programa Compete2020, Lisboa2020, Portugal2020 e União Europeia.

A investigação iniciou-se em 2018 e prolonga-se até ao dia 30 de setembro, abrangendo os municípios do Pinhal Interior Sul (região Centro) e também a Área Metropolitana de Lisboa.

O Instituto de Educação da UL foi a entidade proponente do projeto, que tem como parceiros os institutos politécnicos de Castelo Branco e de Tomar.

LUSA/HN

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