“Estamos próximos de uma União Europeia da Saúde? Tenho as minhas dúvidas. É muito complexo”, afirmou Paulo Portas numa conferência digital organizada pela Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (APIFARMA), no âmbito da presidência portuguesa do Conselho da UE, sobre a liderança europeia na Saúde.
O antigo líder do CDS, atual vice-presidente da Direção da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa (CCIP), considerou, contudo, que, entre as lições retiradas pela pandemia, deve estar a necessidade de “partilhar responsabilidades ao nível europeu em enfrentar fenómenos pandémicos excecionais”, bem como “uma burocracia mais eficiente”.
Ao contrário da UE, a China e os Estados Unidos têm vindo a investir cada vez mais na Investigação e Desenvolvimento (I&D), apontou Paulo Portas, sublinhando que esta é uma “tendência que se irá manter no futuro”.
“Enquanto europeus, não podemos estar satisfeitos com a performance da UE nesta questão. Mas temos de ser honestos. A saúde não é uma política comum da União Europeia”, lembrou.
De acordo com o antigo ministro, é necessário “mais investimento privado e mais investimento público em I&D”, sobretudo para encontrar “uma saída segura” da pandemia de Covid-19.
“Se encontrarmos uma forma segura de sair da pandemia de Covid-19 é porque conseguimos uma aliança entre o capital privado e público, (…) e a indústria farmacêutica corporativa, cientistas, universidades e laboratórios”, vincou.
O eurodeputado Manuel Pizarro (PS), que participava na mesma conferência, defendeu também uma maior aposta da UE na investigação, considerando necessário “facilitar o contexto entre cientistas e entre a indústria, o que significa mais capitais, quer sejam privados ou públicos”.
Para evitar as desvantagens competitivas com os EUA e China, o socialista defendeu que a UE deve “acelerar e simplificar as práticas de regulação”, criticando a “heterogeneidade dos preços e procedimentos entre diferentes países” do bloco europeu, que tem sido evidente durante o processo de vacinação contra a Covid-19.
Ainda assim, Manuel Pizarro considerou que os cidadãos europeus devem estar “otimistas” quanto ao processo de vacinação na UE, uma vez que “foi um processo político muito complexo e é uma vitória da investigação e da indústria farmacêutica”.
Para o eurodeputado socialista, os dados mais recentes do ‘Eurostat’ demonstram que “os cidadãos europeus querem mais União Europeia no setor da saúde”, apontando com otimismo para a criação da União Europeia da Saúde, que, na sua perspetiva, deve ser objeto de discussão da Conferência sobre o Futuro da Europa, agendada para 09 de maio.
“Penso que esta pandemia mostrou claramente que precisamos de agir em comum”, defendeu.
Paulo Portas e Manuel Pizarro participaram hoje na conferência digital “Inovação em Saúde: Não deixar ninguém para trás”, organizada pela Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (APIFARMA) e pela Federação Europeia da Indústria e Associações Farmacêuticas (EFPIA), no âmbito da presidência portuguesa do Conselho da UE.
LUSA/HN
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