De acordo com o estudo, que será publicado em maio na revista ‘Emerging Infectious Desease’, as pessoas que estiveram infetadas com o vírus de forma leve e que não precisaram de ser hospitalizadas não terão produzido uma resposta imunológica, aumentando assim a possibilidade de reinfecção, inclusive, com a mesma variante que as infetou na primeira vez.
Segundo a investigação, se um paciente foi reinfetado pela mesma estirpe “é porque não teria criado uma memória imunológica” e, no caso de ter sido por outra variante, isso aconteceria porque ela “escaparia” da vigilância e não seria reconhecida pela memória gerada anteriormente, por ser um pouco diferente.
Para chegar a essas conclusões, os investigadores acompanharam semanalmente um grupo de 30 pessoas desde o início de março de 2020 – quando a pandemia acabava de chegar ao Brasil – até ao final do ano. Destes, quatro contraíram Sars-CoV-2 e alguns foram reinfetados pela mesma variante.
Em todos os quatro casos, a primeira infeção ocorreu com sintomas leves, enquanto que no segundo contágio os sintomas foram mais frequentes e mais fortes, mas não exigiram hospitalização.
“Essas pessoas só tiveram, de facto, a imunidade detetável depois da segunda infeção. Isso leva a crer que para uma parte da população que teve a doença de forma branda não basta uma exposição ao vírus, e sim mais de uma, para ter um grau de imunidade”, explicou Thiago Moreno, investigador do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde da Fiocruz e coordenador do estudo.
Ainda que até ao momento apenas se tenha estudado a possibilidade de contrair a Covid-19 duas vezes, Moreno não descarta que uma terceira possa ocorrer.
“Não sabemos quanto tempo dura a imunidade pós-covid. Uma pessoa poderia ser vulnerável a uma nova reinfecção ou mesmo a contrair uma variante diferente”, apontou.
Também participaram no estudo investigadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), do Instituto D’Or de Ensino e Pesquisa (Idor) e da empresa chinesa MGI Tech Co.
A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.874.984 mortos no mundo, resultantes de mais de 132,3 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Já o Brasil, que atravessa o seu momento mais critico na pandemia com sucessivos recordes de mortos e casos, totaliza 340.776 óbitos e 13.193.205 diagnósticos de infeção desde que o primeiro caso foi registado no país, há cerca de 13 meses.
LUSA/HN
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