Centro Hospitalar do Porto em rede para melhorar formação sobre cancro pulmonar

16 de Abril 2021

Investigadores do Centro Hospitalar Universitário do Porto integram uma rede, juntamente com investigadores espanhóis, colombianos, argentinos e peruanos, que visa melhorar as perspetivas e promover a educação e formação contínua do cancro do pulmão, foi esta sexta-feira anunciado.

Em comunicado, o Centro Hospitalar Universitário do Porto – entidade nacional que integra a rede – explica hoje que o intuito é unir “sinergias para melhorar as perspetivas do tumor com maior mortalidade do mundo”.

O cancro de pulmão é uma das principais causas de morte “silenciosas” do mundo, originando quase “três mortes por minuto, terminando quatro mil vidas por dia e 1,59 milhões de vidas a cada ano”.

Em Espanha e Portugal, o cancro do pulmão afeta mais de 30 mil pessoas anualmente e na América Latina é a causa de pelo menos 60 mil mortes anuais, representando 12% das mortes por cancro nessa região.

Em 2020, foram diagnosticados 5.420 novos casos de cancro de pulmão em Portugal e perto de 4.800 pessoas morreram vítima da doença.

Em Espanha, o cancro de pulmão foi a quarta causa de morte no ano passado, sendo que, anualmente cerca de 23.000 pessoas morrem vítimas da doença.

“No entanto, e apesar de ser a doença neoplásica mais mortal, recebe menos atenção do que outros cancros”, salienta aquela unidade hospitalar.

Como tal, os investigadores portugueses, espanhóis, colombianos, argentinos e peruanos criaram a Rede Ibero-americana de Cancro de Pulmão (REDICAP), que tem como um dos principais objetivos “promover a educação e a formação contínua” deste tipo de tumor.

“É necessário melhorar a deteção, o tratamento e a prevenção da patologia e, por isso, os especialistas esperam que a aliança REDICAP também desenvolva o seu trabalho como órgão consultivo em termos de linhas estratégicas de atuação”, acrescenta.

Para os especialistas da rede, os principais desafios associados a esta patologia são “melhorar a informação sobre o impacto do consumo de tabaco, sendo que o aumento da mortalidade de mulheres com este cancro é uma preocupação especial”.

O diagnóstico precoce da doença e o acesso dos pacientes a tratamentos inovadores são, para os especialistas, “pontas de lança para aumentar a sobrevivência”.

Citado no comunicado, António Araújo, diretor do Serviço de Oncologia Médica do Centro Hospitalar e representante português da rede, afirma que a criação desta rede de estudo no cancro do pulmão “é de extrema importância”.

“Os problemas que enfrentamos a este nível, pela similaridade dos povos, da língua e do comportamento são muito sobreponíveis e requerem ações semelhantes. Esta rede vai permitir-nos ganhar consistência nas nossas posições, desenvolver ações com maior impacto a nível dos médicos e das populações, homogeneizar o estudo, o ensino e o tratamento do cancro do pulmão e sermos mais audíveis pelos decisores políticos, no que toca a políticas que envolvam o tabaco e este cancro”, salienta o médico.

A REDICAP é presidida pelo Grupo Espanhol de Cancro de Pulmão (GECP), nomeadamente por Mariano Provencio, diretor do Serviço de Oncologia do Hospital Universitário Puerta de Hierro de Madrid.

A rede conta ainda com Cláudio Martin, chefe da Oncologia Torácica do Instituto Alexander Fleming de Buenos Aires e de Carlos Carracedo, diretor médico da Clínica Aliada de Lima.

LUSA/HN

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