O nível médio de poluição sonora é de 70 decibéis.
“O que se vê nas escolas é que quando se cuida das condições acústicas do ambiente, há um impacto na atenção que as crianças prestam, na aprendizagem – elas entendem melhor as mensagens – e na memória, porque têm que fazer muito esforço para entender, custa mais memorizar”, explicou à agência EFE por ocasião do Dia Internacional de Conscientização sobre o Ruído e a Semana da Surdez, a diretora da AG Bell International, Carmen Abascal.
Esta organização, criada em 1890 pelo físico e inventor Alexander Graham Bell, cuja mãe e esposa eram surdas, dedica-se ao cuidado precoce de crianças com problemas auditivos e tem uma clínica cujos lucros são reinvestidos em programas de bolsas para famílias sem recursos.
Na maioria das salas de aula do país, o ruído médio é de 70 decibéis, ao qual se soma a reverberação (o som “ricochete” nas paredes, tetos e pisos).
Portanto, trata-se de “controlar as duas coisas”, explica Abascal, que lembra que a Organização Mundial de Saúde (OMS) estabelece o nível tolerável em um máximo de 85 decibéis.
Para minimizar a poluição sonora, tanto externa quanto da própria atividade do centro, a psicóloga e fonoaudióloga formada nos EUA recomenda algumas medidas simples, como a colocação de elementos que favoreçam a absorção acústica (cortinas, rolhas, móveis de madeira), o revestimento com feltros ou outros materiais para os pés das mesas e cadeiras, e a instalação de semáforos sonoros.
A poluição sonora “atinge todas as crianças, mas mais as com problemas de atenção, cuja língua materna não é o espanhol, e as que têm dificuldades auditivas”, acrescentou Abascal.
Além das salas de aula, alerta, é preciso ficar atento aos refeitórios.
O ruído também afeta os professores, sendo responsável por muitas baixas médicas devido à perda de voz como resultado de esforço excessivo para levantar a voz.
Desde o final de 2020, a poluição sonora e ambiental tem motivado alunos e associações de pais a se mobilizarem nos protestos conhecidos como “Revolta Escolar”, que já atingem mais de 100 escolas e acontecem a cada duas semanas às sextas-feiras.
A organização recomenda às escolas algumas práticas simples de acessibilidade auditiva para as escolas, entre as quais reduzir o ruído interno através da sensibilização dos alunos e de materiais que promovam a absorção acústica, garantir que o sistema de som seja acessível aos alunos com deficiência auditiva e aplicar boas práticas de ensino no dia-a-dia, como falar cara a cara com os alunos e em diferentes pontos da classe para benefício das últimas filas.
NR/HNLUSA
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