“As provas apoiam a conclusão de que a saliva pode ser utilizada como material de amostra alternativo para testes de RT-PCR quando as amostras nasofaríngeas não podem ser recolhidas, nomeadamente nos seguintes cenários: em doentes sintomáticos e no rastreio repetido de indivíduos assintomáticos”, indica o ECDC.
Em causa está um relatório hoje divulgado por esta agência europeia com considerações para o uso de saliva como material de amostra para testes PCR à Covid-19, numa altura em que este tipo de análises começa a ser mais usado na União Europeia (UE) e no Espaço Económico Europeu.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) já veio admitir a utilização deste tipo de amostras com saliva em alternativa à tradicional zaragatoa nasofaríngea, com a vantagem do conforto e da facilidade de colheita, mas à semelhança do ECDC considera que o diagnóstico através do trato respiratório superior (nariz) deve ser o padrão.
“As amostras nasofaríngeas continuam a ser o padrão de ouro para testes à Covid-19 para utilização com RT-PCR e testes de diagnóstico rápido de antigénios”, vinca o ECDC no relatório hoje divulgado.
Segundo o centro europeu, os estudos comparativos já realizados “sugerem uma sensibilidade global semelhante ou não estatisticamente significativa inferior associada com a utilização de amostras de saliva”.
Isto significa que os testes PCR com recurso à saliva “mostram sensibilidade semelhante aos que utilizam amostras nasofaríngeas para pacientes sintomáticos, se a recolha de amostras for realizada nos primeiros cinco dias desde o início dos sintomas e quando a carga viral é elevada”.
Este tipo de despiste do SARS-CoV-2, o coronavírus que provoca a doença Covid-19, destina-se principalmente a crianças, profissionais frequentemente testados, doentes crónicos sujeitos a testagem regular e ainda pessoas com traumatismos e desvios no septo nasal.
Outra das vantagens é que “a recolha de amostras de saliva é fácil, não invasiva, mais aceitável para testes repetidos e pode ser realizada por profissionais não ligados à saúde ou pelos próprios indivíduos que sejam devidamente instruídos”, elenca o ECDC.
Dada esta facilidade de recolha, o teste PCR à saliva permite aumentar a testagem da população, nomeadamente em locais como escolas, empresas, instituições de saúde, aeroportos e lares.
Porém, a agência europeia destaca que “são necessários mais estudos clínicos sobre a sensibilidade da saliva como material de amostra para análise de RT-PCR para crianças sintomáticas e assintomáticas e para padronizar os métodos de recolha de amostras”.
Relativamente aos testes rápidos de antigénios ou de anticorpos, “as atuais provas são limitadas e não apoiam a utilização da saliva como material de amostra alternativo”, adianta o ECDC.
LUSA/HN
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