Chaves teme que confinamento na Galiza atrase recuperação económica

4 de Maio 2021

O presidente da Câmara de Chaves, no distrito de Vila Real, disse esta terça-feira que o confinamento na região da Galiza pode atrasar a recuperação económica esperada, apesar da reabertura da fronteira entre Portugal e Espanha.

“Esta situação em Espanha é lamentável porque, para o lado português, vai atrasar uma semana o impacto e efeito económico que é expectável e desejável para a nossa economia com a reabertura das fronteiras”, destacou à agência Lusa Nuno Vaz, autarca de Chaves que faz fronteira com Verín, na Galiza, em Espanha.

O vice-presidente da Junta da Galiza disse na segunda-feira que, apesar da reabertura das fronteiras terrestres em Portugal, aquela região autónoma espanhola permanece em confinamento e que as deslocações têm “de ser justificadas”.

“É certo que o encerramento de fronteiras não é efetivo desde sábado, mas também é certo que, à data de hoje [segunda-feira], a Galiza, tal como quase todas as regiões autónomas, continua em confinamento. A entrada e saída da Galiza tem de ser justificada e isso inclui a fronteira com Portugal”, afirmou Alfonso Rueda, numa gravação áudio a que a Lusa teve acesso.

Na quinta-feira, no final da reunião do Conselho de Ministros sobre a última fase de confinamento, o primeiro-ministro, António Costa, anunciou a reabertura das fronteiras terrestres com Espanha.

Nuno Vaz salientou que desde a reabertura das fronteiras terrestres, no sábado, não têm existido “grandes contactos” por parte dos cidadãos espanhóis e, em particular, dos galegos dos concelhos vizinhos, o que “impede que a economia tenha a dinamização esperada” em setores como o comércio, hotelaria ou restauração.

Para o presidente da Câmara de Chaves, este “parece mais um conflito entre o Governo central [de Espanha] e a Junta da Galiza sem que haja uma harmonização de posições”.

“Há um conflito motivado por questões político partidárias. Porventura a disputa política que está a acontecer [em Espanha] pode contaminar esta questão”, alertou o socialista.

O autarca estranha também esta posição da Junta da Galiza, por entender que a reabertura de fronteiras é “uma decisão de âmbito nacional e que os concelhos ou regiões têm que se conformar com elas”.

Nuno Vaz disse esperar que “rapidamente a decisão seja revertida para que exista uma situação de reciprocidade e igualdade desejável na relação entre os países”.

Acrescentou que no fim de semana se deslocou à localidade raiana de Feces de Abaixo, que faz fronteira com Vila Verde da Raia, no concelho de Chaves, sem que tivesse sido controlado, apesar de não ter a certeza de que isso esteja a acontecer em permanência.

“Espero que haja bom senso nesta matéria em nome do que é o bom funcionamento entre os países e desejo das respetivas comunidades transfronteiriças, que estão naturalmente desejosas de visitar os seus vizinhos do outro lado da fronteira”, concluiu.

Já o presidente da Associação Empresarial do Alto Tâmega (ACISAT), Vítor Pimentel, lamentou à Lusa “a trapalhada que não ajuda em nada o estabelecimento da confiança entre os consumidores”.

“A articulação entre os governos regionais espanhóis e o governo central tem de ser cuidada sob pena de instalar o receio nos cidadãos que querem atravessar a fronteira para determinados fins. O que nos parece é que a antecipação da abertura das fronteiras, que se saúda, entre Portugal e Espanha, não foi devidamente articulada com o governo regional da Galiza”, vincou.

O responsável pela associação comercial do Alto Tâmega assinalou ainda que “não há qualquer problema na entrada dos vizinhos espanhóis” em Portugal, o que “é de extrema importância para a economia local desde que cumpridas as regras de saúde pública”.

LUSA/HN

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