“Do ponto de vista matemático, sabendo a natureza do contágio desta doença, o risco é baixo. Por cada 10 mil que lá estiveram sairão de lá quatro pessoas infetadas”, explicou.
Já se o evento tivesse sido realizado em janeiro, adiantou, com uma taxa de incidência de 2 por cento, os valores eram 20 vezes mais, com uma percentagem elevada de infetados.
Milhares de pessoas, muitas sem máscaras, festejaram em Lisboa na noite de terça-feira e madrugada de hoje, primeiro junto ao Estádio do clube (Lisboa) e depois junto ao Marquês de Pombal, a conquista pelo Sporting da I Liga portuguesa de futebol pela 19.ª vez, 19 anos após a última conquista, ao vencer na receção ao Boavista, por 1-0.
No entender do especialista, a probabilidade de terem estado pessoas infetadas nos festejos em Lisboa é baixa, uma vez que a taxa de incidência na região de Lisboa e Vale do Tejo corresponde a uma percentagem de população infetada de 0,04 por cento.
“Temos de nos basear na taxa de incidência [de novos casos] da região. Não sabemos se eram todas de Lisboa e Vale do Tejo, mas mesmo vindo de outras regiões a incidência é baixa”, disse o professor do departamento de Geografia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
O especialista sustentou que existe a probabilidade de algumas pessoas terem sido infetadas, mas não existe elevado risco de surto ou ressurgimento de alguma situação descontrolada porque a prevalência é baixa.
Carlos Antunes considera, contudo, prudente que quem esteve nos recintos onde decorreram os festejos da vitória do Sporting reduza os seus contactos e realize um autoteste dois a três dias depois.
“Se houver esta prudência então a situação é de menor risco ainda”, frisou.
Também o presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, Ricardo Mexia, pediu algumas cautelas.
“Quem esteve exposto deve agora, nos próximos dias, ter algumas cautelas, reforçar aquilo que são os seus comportamentos individuais e tentar proteger contactos mais vulneráveis para limitar os riscos”, disse.
E acrescentou: “Felizmente, até partimos de um patamar de incidência baixa, mas não é de excluir que uma pessoa [infetada pelo novo coronavírus] possa ter estado nos festejos, alguém com capacidade para transmitir a doença”.
“Agora é necessário manter a vigilância perante o [eventual] surgimento de casos, fazendo a rápida interrupção das cadeias de transmissão”, adiantou.
Ricardo Mexia considera que o evento deveria ter sido melhor planeado, porque apesar de Portugal já não estar em estado de emergência existem ainda importantes medidas em vigor que devem ser mantidas tais como o uso de máscara e o distanciamento físico.
“Teria sido melhor se tivéssemos tido mais cautela”, frisou.
LUSA/HN
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