Entre março de 2016 e março de 2021, o número de dentistas e outros profissionais, como enfermeiros, ortodontistas, higienistas ou técnicos, de nacionalidade portuguesa registados passou de 157 para 338, de acordo com números do General Dental Council (GDC), o regulador do setor no Reino Unido, obtidos pela Agência Lusa.
Estima-se que este valor seja inferior à realidade, já que, quando se registam no GDC para trabalhar no país, os profissionais não são obrigados a confirmar a nacionalidade.
Assim, questionado sobre o número de profissionais de medicina dentária formados em Portugal a exercer no Reino Unido, o GDC referiu que em março de 2021 eram 513, contra 497 em 2016.
Ambos os indicadores sugerem uma desaceleração ou mesmo redução nos últimos meses, com o fim da liberdade de circulação para cidadãos da União Europeia (UE) devido ao ‘Brexit’, e a entrada em vigor de novas regras de imigração em 2021.
Esta variação coincide com as conclusões do estudo “Números da Ordem”, realizado pela Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), que revela que França ultrapassou o Reino Unido como principal destino de trabalho para os dentistas portugueses em 2020 face ao ano anterior.
Bruno Silva, proprietário do Brighton Implant Clinic, um grupo de quatro clínicas no sul de Inglaterra, disse à Lusa que tem notado menos candidatos portugueses após o início do processo de saída do Reino Unido da UE.
“É muito difícil encontrar pessoas qualificadas como enfermeiros ou dentistas graduados e agora recebemos poucas candidaturas porque é mais difícil registar no Reino Unido. Há 7/8 anos tínhamos muitos dentistas portugueses que estavam a vir para a Inglaterra”, disse à Lusa.
Nascido na África do Sul de pais madeirenses, Silva exerce em Inglaterra desde 2000 e ainda aspira poder instalar-se em Portugal, mas as qualificações não são reconhecidas pela OMD.
No entanto, diz que o Reino Unido continua a precisar de muitos profissionais.
“A procura é imensa. Dentistas registados e qualificados é muito raro e difícil de encontrar”, garante.
Foi o potencial do mercado britânico que atraiu Pedro Gutierres, que abriu a Maida Smiles em 2019, onde metade da equipa fala português.
O ‘Brexit’ afetou o negócio em vários aspetos, desde o atraso no acesso a equipamento como na perda de alguns clientes que deixaram o Reino Unido, mas garante à Lusa que “as expectativas continuam muito elevadas”.
“Londres continua a ser uma cidade vibrante e excitante. Espera-se que continue a atrair pessoas de todo o mundo e que o mercado odontológico privado do Reino Unido continue a crescer, mesmo no meio da pandemia Covid-19”, afirmou.
LUSA/HN
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