O que mudou na Imunoalergologia com a Covid-19

26 de Maio 2021

No 2.º Congresso Nacional de Imunoalergologia do Grupo Luz Saúde, que decorreu na passada sexta-feira, dia 21, a Dr.ª Cíntia Cruz e a Dr.ª Sofia Campina Costa falaram das adaptações da prática clínica à realidade da Covid-19.

A Dr.ª Cíntia Cruz – especialista de Imunoalergologia e assistente hospitalar do serviço de Imunoalergologia do Hospital da Luz Lisboa – e a Dr.ª Sofia Campina Costa – assistente hospitalar graduada de Imunoalergologia, diretora do serviço de Imunoalergologia do Hospital Egas Moniz e especialista de Imunoalergologia no Hospital da Luz de Oeiras e no Hospital da Luz Torres de Lisboa – falaram, na sexta-feira à tarde, do tema que marca a atualidade há mais de um ano – a Covid-19.

A pandemia de Covid-19 desafiou toda a prática médica e, portanto, a Dr.ª Cíntia Cruz e a Dr.ª Sofia Campina Costa sentiram o seu impacto na Imunoalergologia.

Segundo a Dr.ª Cíntia Cruz, “a prática médica em si pode efetivamente beneficiar de um período de rápida evolução, à medida que tentamos responder a esta emergência internacional com novas ideias”.

Quanto aos protocolos de abordagem da crise de asma em contexto de pandemia, Cíntia Cruz alerta que estes não são rígidos, devendo ser adaptados ao contexto local.

“E no que toca ao plano de ação de anafilaxia, a decisão de implementar a abordagem ‘watch-and-wait’ deve depender da avaliação individual do doente pelo seu médico e da compreensão dos desejos e capacidades do próprio doente e/ou da sua família”, concluiu.

Depois, a Dr.ª Sofia Campina Costa falou da sua experiência: “investimos numa teleconsulta, até investimos em consultas virtuais; mudámos os sistemas de imunoterapia, mantendo as doses de manutenção, mas evitando inícios durante a fase pior da pandemia”. “No meu serviço, fizemos protocolos personalizados para o doente e com as várias instituições, para que fosse possível não abandonarem determinadas imunoterapias”, referiu.

Para além disso, Sofia Campina Costa destacou as seguintes preocupações: “reduzir ao máximo os testes de diagnóstico alergológico; abolir as provas de função respiratória na fase de maior transmissão; manter provas de provocação em casos emergentes, nomeadamente até dessensibilizações; manter a terapêutica biológica em curso, caso a caso, e a terapêutica com imunoglobulina”.

A diretora do serviço de Imunoalergologia do Hospital Egas Moniz sublinhou também a importância da telemedicina – “arma importante em termos de gestão de recursos de saúde” e “gestão de vida do doente”.

Foi um grande desafio, confessou, mas esta nova relação médico-doente, que cresceu virtualmente, “deu muita segurança e funcionou como um reforço positivo na sua compliance à terapêutica”.

“Portanto, a telemedicina é uma alteração com a pandemia que veio para ficar e para tornar a medicina até mais próxima do doente e mais eficaz”, considera Sofia Campina Costa.

HN/Rita Antunes

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