Centro Europeu de Prevenção de Doenças diz que pandemia mostrou que saúde pública é investimento e não um custo

1 de Junho 2021

A diretora do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) afirmou esta terça-feira, em Coimbra, que a pandemia mostrou que a saúde pública é um investimento e não um custo.

“A saúde pública é um investimento e não um custo. Nós vimos como esta crise de saúde afetou toda a sociedade e essa é uma lição que não devemos nunca esquecer”, disse a diretora do ECDC, que falava, através de videoconferência no Congresso Nacional da Ordem dos Médicos, que decorre em Coimbra.

Numa intervenção de cerca de meia hora, apontou para várias lições a reter com a presente pandemia de Covid-19, nomeadamente o facto de “nenhum país poder lidar com a crise sozinho”.

“Nem sequer uma região. Este é um assunto global e só se todos estiverem preparados é que estão seguros”, frisou, recordando que o mundo deveria ter aprendido com as lições da pandemia de gripe A de 2009 e com o surto de ébola.

“Não aprendemos uma única lição. É nossa obrigação aprender alguma coisa e criar algo que seja melhor do que tínhamos antes”, asseverou.

Segundo Andrea Ammon, uma das áreas que é preciso melhorar é na elaboração de planos de preparação de pandemias, recordando que em fevereiro de 2020, no contexto europeu, todos os países asseguraram que os planos estavam feitos e que estavam preparados.

“Olhando para trás percebemos que isso não foi o caso em todo o lado, aliás foi até raro. Descobrimos que a forma como os planos de preparação tinham sido montados não captavam todas as necessidades que depois se tornaram visíveis”, constatou, apontando, por exemplo, para a falta de camas, equipamentos, profissionais de saúde e medicamentos no início da pandemia na Europa.

Para a diretora do ECDC, é necessário também que os planos estejam pensados a nível local, que será a frente de combate em qualquer crise.

“Muitos dos planos estavam bem desenvolvidos para o nível nacional, mas nem sempre foi o caso no nível local”, observou.

Outra área que, a seu ver, tem de ser melhorada é “o engajamento das comunidades”, que fica evidente com a questão de a maioria das pessoas estarem cansadas das medidas e de não compreenderem o porquê de “não poderem ver quem querem nem de poderem fazer o que querem”.

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 3.551.488 mortos no mundo, resultantes de mais de 170,6 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 17.025 pessoas dos 849.538 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

LUSA/HN

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