Londres defende decisão “ultra cautelosa” de tirar Portugal da “lista verde”

4 de Junho 2021

O ministro da Habitação britânico, Robert Jenrick, defendeu esta sexta-feira a "abordagem ultra cautelosa" de despromover Portugal da “lista verde” de viagens para a “lista amarela” enquanto é avaliado o risco de uma mutação da variante Delta do coronavírus. 

“Há em Portugal evidências crescentes de uma mutação adicional, que ficou conhecida como a variante do Nepal. E como ainda não sabemos se isso será um problema, é aconselhável adotar uma abordagem ultra cautelosa, enquanto os nossos cientistas analisam os dados, veem quais são as suas características e, acima de tudo, se as nossas vacinas são eficazes”, afirmou hoje à BBC.

Portugal, incluindo os arquipélagos da Madeira e Açores, vai deixar a “lista verde” do Governo britânico para viagens internacionais na terça-feira às 04:00, anunciou o Ministério dos Transportes britânico.

Segundo o Ministério, Portugal passa para a “lista amarela” para “salvaguardar a saúde pública contra variantes preocupantes” e proteger o programa de vacinação britânico.

Os países na “lista amarela” estão sujeitos a restrições mais apertadas, nomeadamente uma quarentena de 10 dias na chegada ao Reino Unido e dois testes PCR, no segundo e oitavo dia, enquanto a “lista verde” isenta de quarentena os viajantes que cheguem a território britânico.

Num comunicado, o Governo britânico refere que, de acordo com a base de dados europeia GISAID, foram identificados em Portugal 68 casos da variante Delta (B1.617.2, identificada pela primeira vez na Índia), “incluindo alguns casos da variante Delta com uma mutação adicional, potencialmente nociva”.

Na quinta-feira à noite, o microbiologista do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) João Paulo Gomes disse que em Portugal foram detetados apenas 12 casos da mutação da chamada variante indiana de covid-19.

A mutação em causa, K417N, foi identificada num número ainda reduzido de casos, mas também foi encontrada na variante Beta (descoberta na África do Sul), contra qual as vacinas são menos eficazes, razão pela qual cientistas estão preocupados.

Jenrick reiterou que a este fator se juntaram preocupações com o aumento no número de casos em Portugal e o risco que representa no Reino Unido a variante Delta, que ameaça o plano de desconfinamento em curso em Inglaterra.

As autoridades de Saúde britânicas já admitiram que a variante Delta é agora dominante no país, ultrapassando a variante ‘Alpha’ (B.1.1.7, detetada pela primeira vez no Reino Unido) que está na origem de um rápido aumento de infeções e hospitalizações.

Esta evolução e a ameaça de uma terceira vaga da pandemia de Covid-19 estão a colocar pressão no primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que previa eliminar em 21 de junho todas as restrições que ainda restam do confinamento decretado em janeiro.

“Estamos a chegar a um momento difícil de decisão sobre ir mais longe no dia 21 de junho, e esse será um momento importante para o país. Espero que as pessoas percebam que uma abordagem de segurança em primeiro lugar nesta altura é o mais acertado”, vincou Jenrick hoje à BBC.

Desde o início da pandemia foram notificados 127.794 óbitos de Covid-19 no Reino Unido, o índice mais alto na Europa.

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 3.693.717 mortos no mundo, resultantes de mais de 171,5 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 17.029 pessoas dos 851.031 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

LUSA/HN

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