Numa intervenção na sessão de abertura da comemoração dos 20 anos do ‘Relatório de Primavera’ do OPSS, Marta Temido defendeu que a emergência sanitária é “o maior desafio das nossas vidas” e salientou que a resposta foi alicerçada em dois valores primordiais, o conhecimento e a democracia, deixando transparecer alguma discordância face às conclusões do documento.
“[A democracia] exige saber ouvir todos, mas exige também saber decidir. Acredito que o relatório é um contributo para a produção de conhecimento sobre a forma como enfrentamos a pandemia e também um caminho para melhor preparar futuras crises. Acredito também que mesmo que o Ministério da Saúde possa não se rever em diversos passos deste relatório, o pluralismo é um valor em si próprio com o qual todos temos a ganhar”, afirmou.
Posteriormente, à saída do evento, a governante reforçou que “já há lições que se podem retirar do caminho” realizado desde o início da pandemia e “coisas a melhorar”, mas reiterou também que cada interveniente neste processo deve ter “uma compreensão muito clara e muito honesta” dos respetivos papéis.
“Há um aconselhamento científico, há um lugar para a decisão política e há uma necessidade de envolvimento da sociedade na tomada de decisão. Quanto mais estes três eixos conseguirem comunicar uns com os outros, melhor será para aqueles que estamos cá para servir”, esclareceu.
As críticas do ‘Relatório de Primavera’ foram reiteradas por um dos responsáveis pelo estudo, Constantino Sakellarides, ao advogar que as “limitações do sistema de saúde têm décadas”. Por conseguinte, e apesar de reconhecer não ser possível dar resposta imediata, o antigo diretor-geral da Saúde referiu que “é necessário reconhecê-las e começar a aprender com a experiência” após ano e meio de pandemia, aumentando a capacidade de planeamento.
“É tempo de ter uma reforma da saúde pública que lhe dê recursos humanos, técnicos e tecnológicos. Esta é uma oportunidade”, disse Constantino Sakellarides, que expressou ainda uma visão negativa do último plano de saúde para o outono-inverno de 2020-21. “Não serviu de referência à decisão. Pode existir formalmente, mas não influencia os processos de decisão”, afirmou.
Em Portugal, a pandemia de Covid-19 já provocou a morte de 17.077 pessoas, entre 868.323 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
LUSA/HN
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