“Não é um bom cartão de visitas não ter restauração num destino que se diz seguro, para ter um jantar condigno. Parece-me um contrassenso: destino seguro com restaurantes inseguros”, afirmou o representante dos empresários do concelho da Lagoa, da ilha de São Miguel, Luciano Melo.
O empresário falava na ilha Terceira, à margem da assinatura de um protocolo com a Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo.
O executivo açoriano atualiza as medidas de contenção da pandemia de covid-19 semanalmente, consoante o número de novos casos de infeção por SARS-CoV-2 registados num período de sete dias.
Os concelhos são classificados em cinco níveis de risco, sendo que nos dois mais elevados (médio alto risco e alto risco) os restaurantes têm de encerrar às 20:00 e no mais elevado os estabelecimentos de bebidas estão proibidos de funcionar.
Até sexta-feira, apenas o concelho da Ribeira Grande, na ilha de São Miguel, está sujeito a medidas de alto risco nos Açores e o de Ponta Delgada, na mesma ilha, a medidas de médio alto risco.
No entanto, já na semana passada se tinha registado um aumento de casos de infeção no concelho da Lagoa, que só não ficou sujeito a medidas de alto risco, porque a resolução do Conselho de Governo de 11 de julho, aplicada por um período de duas semanas, não permitia uma subida dos níveis de risco.
Na véspera de ser anunciada a atualização dos níveis de risco para os Açores, Luciano Melo apelou aos decisores políticos açorianos para que “ponderem bem” as medidas a aplicar aos restaurantes.
“Ponderem bem o que vão fazer na quinta-feira para que São Miguel não seja confrontado com um cenário em que ninguém pode jantar a partir das 20:00”, alertou, alegando que possivelmente Lagoa e Ribeira Grande ficarão em alto risco e Ponta Delgada em médio alto risco, a partir das 00:00 de sábado.
O empresário defendeu que os espaços de restauração cumprem as regras de segurança impostas para prevenção de infeções por SARS-CoV-2, criticando o horário de encerramento previsto nos níveis mais elevados de risco.
“Os restaurantes não são inseguros. Os restaurantes têm vindo a pagar por desmandos de festas particulares, de comunhões, batizados, casamentos, que nada têm a ver com o escrupuloso cumprimento que os restaurantes fazem das normas covid”, frisou.
A avaliação do nível de risco nos Açores tem por base um modelo alemão, de semáforos, e é calculado em função do número de novos casos de Covid-19 por 100 mil habitantes num período de sete dias.
Existem cinco níveis de risco: muito baixo (menos de 25 casos por 100 mil habitantes), baixo (entre 25 e 49 casos por 100 mil habitantes), médio (entre 50 e 74 casos por 100 mil habitantes), médio alto (entre 75 e 99 casos por 100 mil habitantes) e alto (mais de 100 casos por 100 mil habitantes).
Os Açores têm atualmente 304 casos ativos de infeção pelo novo coronavírus, que provoca a doença Covid-19, dos quais 281 em São Miguel, 11 na Terceira, nove no Faial, dois em São Jorge e um em Santa Maria.
Desde o início da pandemia foram diagnosticados na região 6.185 casos de infeção, tendo ocorrido 5.713 recuperações e 33 mortes. Saíram do arquipélago sem terem sido dadas como curadas 80 pessoas e 55 apresentaram comprovativo de cura anterior.
A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 3.884.538 vítimas mortais em todo o mundo, resultantes de mais de 179 milhões de casos de infeção diagnosticados oficialmente, segundo o balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 17.077 pessoas e foram confirmados 868.323 casos de infeção, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
LUSA/HN
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