União das Misericórdias desafia país para mudança nas respostas para os mais idosos

23 de Junho 2021

A União das Misericórdias Portuguesas deixou esta quarta-feirabum desafio ao país para uma mudança nas respostas aos mais idosos, defendendo um modelo centrado no apoio domiciliário, e avisou que se nada for feito “ser velho vai ser muito mau”.

Em declarações à agência Lusa, no final da primeira de um ciclo de conferências sobre o futuro do envelhecimento e para apresentar o estudo “Envelhecimento: respostas seniores do futuro – um modelo de respostas especializadas integradas”, o vice-presidente da UMP, Manuel Caldas de Almeida, disse que em causa está “um desafio da União das Misericórdias para o país”.

Caldas de Almeida salientou que as atuais respostas para as pessoas idosas estão “completamente desadequadas” em relação às necessidades do país e que isso se tornou ainda mais visível durante a pandemia de Covid-19, razão pela qual a UMP quis “dar um murro no estômago” no país para perceber que é preciso acordar e pensar tudo aquilo que é feito.

De acordo com o vice-presidente da UMP, a proposta é a de um modelo centrado nos serviços domiciliários, capaz de dar resposta às várias necessidades que as pessoas possam ter, e uns “lares totalmente diferentes”, nomeadamente com cuidados de saúde, o que hoje não acontece.

“Nós queremos dentro de seis meses ter experiências piloto já baseadas neste trabalho que apresentámos agora”, revelou, acrescentando que os partidos vão ser desafiados a juntarem-se neste projeto para desenharem um modelo financeiro e que espera no final de setembro apresentar os projetos-piloto ao Governo.

Nesse sentido, defendeu que o financiamento das respostas de futuro tem de ser encarado “transgovernamentalmente”, ou seja, um compromisso do atual governo com quem for governo de futuro para encontrar uma solução financeira para as mudanças necessárias.

Caldas de Almeida foi perentório em afirmar que esta mudança de paradigma tem de ser feita e avisou que se nada for feito o que aconteceu nos lares durante a pandemia vai voltar a acontecer e em pior escala.

“Nós temos de fazer isto e o desafio que vamos fazer a este Governo e aos outros é que quem não o fizer vai ter de assumir responsabilidades muito graves porque se isto não for feito daqui a 10 anos ser velho em Portugal vai ser muito mau”, sublinhou.

Acrescentou que “ser velho em Portugal vai ser pobre e não ter recursos e não ter cuidados adequados”.

O responsável frisou que as propostas agora apresentadas, tanto para a conceção de lar como para o apoio domiciliário, não estão fechadas e que espera contributos tanto da sociedade civil como de outras organizações, mas deixou a garantia de que não se vai esperar eternamente para fechar o documento.

“Quando o documento estiver fechado, quem não se responsabilizar em o executar vai ter de se responsabilizar pelas consequências”, apontou.

Caldas de Almeida salientou que as necessidades na área do envelhecimento “só vão crescer”, enquanto a capacidade financeira “só vai diminuir”, razão pela qual é preciso ser inovador e ser capaz de montar sistemas de triagem para aplicar o dinheiro “naquilo que é realmente bom para as pessoas”.

Além da apresentação de hoje, a UMP vai organizar outras conferências pelo país, juntando autarcas e academia.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Brasil aprova vacina em dose única contra a chikungunya

As autoridades sanitárias brasileiras aprovaram hoje o registo de uma vacina em dose única contra a chikungunya, um fármaco desenvolvido pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica franco-austríaca Valneva.

Promessas por cumprir: continua a falta serviços de reumatologia no SNS

“É urgente que sejam cumpridas as promessas já feitas de criar Serviços de Reumatologia em todos os hospitais do Serviço Nacional de Saúde” e “concretizar a implementação da Rede de Reumatologia no seu todo”. O alerta foi dado pela presidente da Associação Nacional de Artrite Reumatoide (A.N.D.A.R.) Arsisete Saraiva, na sessão de abertura das XXV Jornadas Científicas da ANDAR que decorreram recentemente em Lisboa.

Consignação do IRS a favor da LPCC tem impacto significativo na luta contra o cancro

A Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) está a reforçar o apelo à consignação de 1% do IRS, através da campanha “A brincar, a brincar, pode ajudar a sério”, protagonizada pelo humorista e embaixador da instituição, Ricardo Araújo Pereira. Em 2024, o valor total consignado pelos contribuintes teve um impacto significativo no apoio prestado a doentes oncológicos e na luta contra o cancro em diversas áreas, representando cerca de 20% do orçamento da LPCC.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights