Segundo Ana Graça, as bebidas alcoólicas são a principal causa de dependência em África, conforme dados da Organização Mundial de Saúde, o que se constata igualmente em Angola, seguindo-se a liamba.
“Está-se a usar muita cocaína, está a vir muita de fora, estão a permitir a entrada dela cá e está a destruir muitos jovens, mas mesmo assim ainda são as bebidas alcoólicas que têm dado mais trabalho aqui no período de desintoxicação”, referiu a responsável.
Em declarações à agência Lusa, Ana Graça referiu que são muitas as pessoas, sobretudo jovens, a precisar de ajuda.
O Inalud controla 815 consumidores, dos quais 60 por cocaína, que procuraram ajuda naquela instituição, desde que o centro foi aberto em 2019, contudo, o número em todo o país é de 33.275 pessoas com problemas de consumo de drogas, segundo registos entre 2016 e 2020.
Ana Graça salientou que recentemente recebeu uma denúncia sobre venda e consumo de drogas na centralidade do Kilamba, realçando que a comunidade com maior prevalência era o Cazenga, “mas também já se fala muito do Kilamba”.
“São sempre coisas que nos chegam e que são preocupantes, mas desses casos nós não temos dados, porque não vêm até nós, isso são casos que ouvimos, mas não entram a nossa estatística”, salientou.
De acordo com a chefe de departamento de Reabilitação e Reinserção do Toxicodependente do Inalud, Adelina Kassoquele, o centro de internamento tem uma capacidade para 60 doentes e foram reabilitados 130 doentes, “o que significa que a lista de espera é muito alta”.
“Os demais ainda estão internados, porque o nosso sistema de internamento vai de nove meses a um ano. Não é como doentes de outras patologias, eles como são toxicodependentes a recuperação demora, normalmente, se entra um grupo de 60, recuperam depois de nove meses ou um ano”, frisou.
Para maior resposta, adiantou Adelina Kassoquele, o instituto está a colaborar com todos os hospitais municipais a nível de Luanda e os hospitais provinciais de todo o país.
“Estão a trabalhar no sistema de reabilitação, porque tiveram uma formação agora em matéria de toxicodependência. As pessoas podiam atender, mas não sabiam como tratar essa especialidade, depois da formação a lista de espera vai diminuindo, porque muitos deles são acompanhados por psicólogos clínicos a nível dos hospitais”, explicou.
De acordo com a responsável, problemas familiares, sociais, essencialmente a pobreza, o imediatismo, estão na base da toxicodependência, a maior parte jovens, havendo também casos de crianças.
“Já estamos com um número elevado, mas infelizmente o nosso estatuto permite trabalhar com crianças menores de 14 anos. Já temos tido casos de género, mas mesmo assim não ficam sem acompanhamento, trabalhamos com elas, só não internamos”, referiu.
LUSA/HN
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