“Temos uma variante [Delta] que já é autóctone, ou seja, ela já está a circular no nosso meio em pessoas que não tiveram histórico de viagens ou que tiveram contacto com alguém que esteve, por exemplo, na Índia, e, dessa forma, temos que ter uma atenção especial”, disse o secretário da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, à imprensa.
Questionado sobre se há transmissão comunitária da estirpe Delta em São Paulo, o secretário afirmou: “Quando nós identificamos um paciente que testou positivo para a Covid-19 sem nenhum histórico de viagem ou contacto com alguém que veio de alguma área em que aquela variante seja mais prevalente, claramente ele recebe a denominação de autóctone, comunitário”.
A estirpe, detetada originalmente na Índia, já pressiona o executivo ‘paulista’ a diminuir o intervalo de três meses entre doses de vacinas aplicadas no estado – como os imunizantes da Pfizer e da AstraZeneca – , para que possam responder à variante.
“Essas vacinas, que têm intervalo de três meses, obviamente que você só vai completar a imunidade passados quase quatro meses da primeira dose. Então, sem dúvida, a possibilidade de antecipação da segunda dose para essas vacinas deve ser considerada, sim”, argumentou Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, que produz no Brasil a Coronavac, antídoto da chinesa Sinovac.
Contudo, a escassez de doses de vacinas no Brasil pode gerar entraves para eventuais mudanças no esquema de vacinação, segundo os especialistas em Saúde.
O diretor do Instituto Butantan disse ainda que a Coronavac mostrou boa proteção contra a variante Delta num estudo em laboratório.
A cidade de São Paulo registou o primeiro caso da variante originária da Índia na segunda-feira, num homem de 45 anos.
“Com os elementos que nós temos no momento, podemos dizer que temos indícios que podem levar, sim, à confirmação de transmissão comunitária”, disse, na ocasião, o coordenador de vigilância em saúde da cidade São Paulo, Artur Caldeira, que mudou rapidamente de versão, afirmando não ter “indícios suficientes” para garantir a existência de uma transmissão comunitária.
São Paulo, com 46 milhões de habitantes, é o foco da pandemia no país, ao concentrar 3.824.111 diagnósticos positivos de Sars-CoV-2 e 130.935 vítimas mortais desde que a doença chegou ao estado, em fevereiro de 2020.
O Brasil, um dos países mais afetados pela pandemia, totaliza 528.540 mortes e mais de 18,9 milhões de casos positivos de Covid-19.
A pandemia de Covid-19 provocou pelo menos 3.996.519 mortos em todo o mundo, resultantes de mais de 184,4 milhões de casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo o balanço mais recente feito pela agência France-Presse.
LUSA/HN
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