Segundo uma nota da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM), os utentes da zona Centro do país “não estão, diariamente, a ser adequadamente acompanhados nas unidades dos cuidados de saúde primários”, porque os seus médicos e enfermeiros estão a ser destacados para os 78 centros de vacinação.
“Irresponsavelmente, o Ministério da Saúde está a deslocar centenas de médicos de família para centros de vacinação, prejudicando o atendimento dos utentes nos centros de saúde, doentes esses que viram os seus diagnósticos e tratamentos adiados devido à pandemia”, alertou o presidente do SRCOM, citado numa nota de imprensa.
Carlos Cortes sublinhou que, “numa altura em que a retoma das atividades médicas nos centros de saúde deveria acontecer a um ritmo mais elevado, por forma a compensar os atrasos causados no último ano e meio, há mais de 125 mil utentes que diariamente têm o seu médico indisponível pelo facto de este estar no centro de vacinação”.
Concordando que o “processo de vacinação é essencial e deve ser supervisionado pelos ACES [agrupamento de centros de saúde], que têm demonstrado uma excelente experiência e eficácia”, o dirigente afirmou que o “Ministério da Saúde deve garantir a contratação de recursos adicionais para os centros de vacinação não retirarem diariamente recursos médicos muito importantes para o seguimento, orientação e tratamento dos doentes nos centros de saúde”.
Para Carlos Cortes, “uma das soluções passa por integrar outros recursos humanos que não médicos de família na resposta aos centros de vacinação”.
“Temos de potenciar o excelente trabalho que os médicos de família estão a fazer junto dos seus utentes”, reforçou, ao alertar para as “várias tarefas decorrentes da pandemia que consomem tempo e recursos frequentemente de natureza puramente administrativa e que têm de ser incompreensivelmente desenvolvidas por médicos”.
O presidente da SRCOM avisou que “o Ministério da Saúde tem de escolher: ou quer médicos para tratar os doentes ou quer médicos para tratarem de tarefas puramente administrativas”.
“Estas situações são ainda mais incompreensíveis quando sabemos que existe um milhão de portugueses sem médico de família, por todo o território nacional, o valor mais alto desde 2016”, concluiu.
LUSA/HN
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