Se os países europeus não se unirem, “a situação atual prolongar-se-á no tempo”, consideram os investigadores, que alertam ainda que o “desconfinamento precoce” é perigoso porque a incidência sazonal de casos Covid-19 aumenta no outono e o nível de vacinação pode não ser suficiente.
“Há duas opções na mesa: os governos mantêm medidas restritivas até ao inverno ou, então, os governos vão já reduzindo as restrições e, com a vacinação generalizada, os casos covid irão disparar, mas de baixa gravidade, espera-se”, diz a socióloga Helena Machado, que assinou este estudo, assim como Carlos Martins (Universidade do Porto). Para a investigadora e presidente do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, a retirada de restrições pode dever-se à necessidade de recuperação económica e de evitar a saturação psicológica dos cidadãos. Porém, “não faz sentido um país adotar um caminho e o país vizinho não, exige-se cooperação e solidariedade internacional” na pandemia, acrescenta.
Para os autores do artigo, a Europa “arrisca-se” a repetir 2020: “No outono, a mudança para atividades internas, o clima frio que acelera a disseminação do SARS-CoV-2, a hipótese de novas estirpes e, sobretudo, cada vez mais gente a misturar-se em público podem levar a uma nova vaga e ao confinamento”.
A erradicação do vírus “parece improvável” face aos desafios da sua evolução, da cobertura vacinal, da imunidade incompleta contra a infeção ou até de eventuais reservatórios de infeção em animais, dizem os investigadores do estudo. “Mudanças moderadas como melhor ventilação de espaços e maior uso de máscaras em certos momentos” vão “ajudar na maioria das vezes a quebrar cadeias de transmissão”, frisam.
A equipa científica defende que os governos precisam de ter uma mensagem clara para as populações, recuperar necessidades de saúde não atendidas no último ano, como a deteção precoce de cancro, ser ágeis na saúde mental, sobretudo para quem está em risco social, e garantir a vacinação universal. “Ninguém está seguro até que todos o estejam, precisamos de reconhecer o nosso lugar no mundo”, afirmam os investigadores.
PR/HN/Rita Antunes
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