Nem a pandemia trava ataques a instalações de saúde em zonas de conflito

3 de Agosto 2021

A pandemia não dissuadiu grupos armados de atacar hospitais e outras instalações de saúde em zonas de conflito, confirmou esta terça-feira a Organização Mundial da Saúde (OMS), que tem registos de 588 incidentes ocorridos este ano em 14 países.

Tal constitui um acentuado aumento, em relação aos 333 ataques contra estes serviços essenciais registados em todo o ano de 2020, segundo os dados atualizados apresentados hoje pela OMS, que acompanha este problema em 17 países em conflito, entre os quais figuram Iémen, Etiópia, Síria, Moçambique, Nigéria, Myanmar, República Centro-Africana, Somália e Palestina.

“Preocupa-nos profundamente que centenas de instalações de saúde tenham sido destruídas ou encerradas, os seus funcionários assassinados ou feridos, o que impede que milhões de pessoas recebam a atenção de que necessitam”, disse o diretor de intervenções de emergência da OMS, Altaf Musan, ao apresentar a informação mais recente sobre estes ataques.

A OMS regista os dados relativos a esta questão desde dezembro de 2017 e confirmou 2.700 incidentes nesse período, nos quais morreram 700 trabalhadores da área da saúde e mais de 2.000 ficaram feridos nos 17 países dos quais recolhe estas informações.

No ano passado, registaram-se 239 mortes entre profissionais de saúde e doentes, ao passo que 312 ficaram feridos.

“A análise mostra que um em cada seis incidentes levou à morte de doentes ou de pessoal de saúde em 2020”, indicou Musan.

Nos primeiros sete meses deste ano, as mortes por ataques a infraestruturas de saúde foram 114 e os feridos totalizam até agora 278.

“O impacto destes ataques é muito grande, especialmente à luz da resposta contra a covid-19, e as suas consequências também se refletem na saúde mental dos profissionais de saúde”, comentou o especialista, dizendo que tudo isto representa igualmente prejuízos económicos consideráveis para os países afetados e anos de retrocesso no fornecimento de cuidados de saúde.

“Durante esta pandemia, mais que nunca, os trabalhadores da área da saúde devem ser respeitados e protegidos, tal como as instalações onde são prestados cuidados médicos e os meios de transporte utilizados, como ambulâncias”, sublinhou Musan.

De acordo com as normas internacionais, nada disso deve ser usado para fins militares numa situação de conflito.

LUSA/HN

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