As declarações foram prestadas por Jailton Batista perante uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) que decorre no Senado brasileiro e que investiga falhas e omissões do Governo na gestão da pandemia de Covid-19.
O depoente confirmou ainda o financiamento de diárias a médicos para a realização de palestras sobre a medicação destinada ao “uso preventivo” contra a Covid-19, mas negou a colocação de ‘outdoors’ com propagandas desses remédios em estados brasileiros.
À senadora Eliziane Gama, Batista reconheceu que a farmacêutica não fez estudos clínicos sobre a eficácia da ivermectina, mas disse que a empresa acompanhou as informações disponíveis ao redor do mundo.
Investigadores foram contratados pelo laboratório para fazer levantamentos, mas ainda não há resultados, segundo o diretor executivo.
“A grande preocupação é com o uso da ivermectina de forma continuada, deliberada, então há um impacto na vida dessas pessoas. E vocês ainda não receberam os resultados após mais de um ano de doença e têm um lucro de mais de meio milhar de milhão de reais”, expôs a senadora.
Segundo dados fornecidos pela própria empresa à CPI, o número de comprimidos vendidos multiplicou-se por 12 entre 2019, quando não havia pandemia, e 2020, quando a doença se espalhou pelo mundo, passando de 24,7 milhões para 297,6 milhões.
“Houve uma procura do produto. E nós somos fabricantes. Nós produzimos o que o mercado demanda. É só isso”, argumentou Batista.
Questionado sobre o motivo de a Vitamedic ter continuado a vender ivermectina mesmo sem comprovação de eficácia contra a Covid-19, o diretor executivo afirmou que o remédio tem indicação para outras doenças e disse novamente que a produção da companhia seguiu o comportamento do mercado.
A ivermectina faz parte do chamado “kit covid”, a par de outros medicamentos também sem comprovação científica para o combate à doença, como a cloroquina, e que foram a grande aposta do Governo Federal, presidido por Jair Bolsonato, na pandemia.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo ao contabilizar 564.773 vítimas mortais e 20,2 milhões de casos confirmados de Covid-19.
LUSA/HN
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