O diretor do Hospital Sanatório de Luanda, Carlos Masseca, foi hoje orador na I Conferência sobre a “Gestão da Pandemia em África: O caso de Angola”, promovida pela NC-Consultorius, tendo abordado o tema “Pandemia e a Gestão Integrada de Serviços de Saúde nas Grandes Unidades Hospitalares”.
No final da conferência, em declarações à agência Lusa, Carlos Masseca disse que foi feita uma comparação dos números de pessoas que procuraram pelos serviços em 2018, 2019 e 2020, tendo-se constatado que no ano passado foi registada uma redução de quase 50%.
“É verdade que temos que estudar quais são os fatores, mas acho que há múltiplas causas, e é um impacto direto da pandemia, no nosso entender”, referiu.
Segundo Carlos Masseca, “as pessoas deixaram de procurar os serviços de saúde, ou por falta de informação ou por falta de dados”.
“Nós não fechámos as unidades sanitárias, o medo pode ter-se apoderado das pessoas em algum momento, o que lhes levava a não irem para as unidades sanitárias, pensando que as unidades sanitárias podiam ser o principal centro de contaminação e de contágio e também questões que depois vieram, como [diminuição] transportes e outros fatores. Podemos dizer que é um conjunto de fatores, mas que é um reflexo da situação da pandemia”, aventou.
De acordo com os dados do hospital, em 2018, foram atendidas 92.422 pessoas, em 2019, o número reduziu para 72.731 pessoas, e em 2020, baixou para 38.685 utentes.
Já no primeiro semestre deste ano, aquela unidade sanitária, que trata doentes com tuberculose e HIV/sida, registou o atendimento de 27.497 pessoas.
“Estamos a observar um outro fenómeno. (…) Estamos já em números muito próximos dos atendidos no global no ano passado, mas a qualidade dos doentes, em termos do estado em que chegam, chegam em muito más condições”, frisou.
O responsável hospitalar avançou que os doentes com tuberculose e HIV “chegam em muito mau estado, o que pode significar que a falta de assistência no ano passado está-se a refletir no trabalho hoje”.
Instado a comentar denúncias sobre a falta de medicamentos para tratamento da tuberculose na primeira fase, Carlos Masseca disse que a unidade hospitalar que dirige tem medicamentos.
“Nós temos ainda medicamentos, neste momento há um processo de aquisição de medicamentos por parte do ministério para darmos continuidade ao tratamento. Em relação ao hospital sanatório posso dizer que nós neste momento temos medicamentos”, salientou.
“E acreditamos que nos próximos tempos vamos receber o reforço necessário para que possamos continuar a prestar assistência aos nossos utentes”, referiu, afastando o cenário de uma rutura completa, tendo em conta que se as pessoas que já começaram a ser tratadas tiverem uma interrupção, uma das consequências poderá ser o desenvolvimento de resistência.
Carlos Masseca manifestou-se confiante que nos próximos tempos, com os concursos que foram muito recentemente realizados, o país terá medicamentos para dar continuidade à assistência aos doentes com tuberculose.
No que se refere à Covid-19, o diretor do Hospital Sanatório de Luanda disse que foi criado um centro específico para atendimento de casos do novo coronavírus, que já registou situações do género, ou seja, doentes com tuberculose e com Covid-19.
LUSA/HN
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