“Por razões logísticas e de segurança, o aeroporto de Cabul não é uma opção neste momento”, disse em Genebra o diretor de emergências da OMS para a região, Rick Brennan, por teleconferência.
Estados Unidos, Espanha e Reino Unido ofereceram-se para ajudar a OMS a transportar os seus abastecimentos para o Afeganistão, mas a situação caótica no aeroporto da capital – de onde os estrangeiros e afegãos que trabalharam com eles ainda estão a ser retirados – não o tornou possível.
Os ataques terroristas de quinta-feira do grupo terrorista do Estado islâmico, que provocaram pelo menos 95 mortos e 150 feridos, excluíram a utilização imediata do aeroporto pela OMS.
Além do risco inerente às operações no Afeganistão, Brennan revelou que a OMS está a enfrentar um segundo problema para conseguir levar a ajuda ao país, que tem a ver com seguros.
“As taxas de seguro para aterrar um avião em Cabul subiram para níveis nunca antes vistos”, disse, citado pela agência espanhola EFE.
O chefe do escritório regional da OMS para o Médio Oriente, que abrange o Afeganistão, disse que a possibilidade de aterrar carga no aeroporto de Mazar-i-Sharif, no norte do país, está a ser explorada.
Para tal, a OMS tem estado a falar com o vizinho Paquistão, para se “trabalhar com contactos em terra” e garantir a aterragem de um avião de carga.
A OMS está também a coordenar com o Programa Alimentar Mundial (PAM), o principal braço humanitário da ONU, a utilização do transporte aéreo que está a ser preparado para levar ajuda essencial à população, que deverá estar operacional em breve.
O objetivo é transportar pelo menos 20 toneladas de material médico em cada voo.
Brennan disse não ter havido relatos de que os talibãs estejam a dificultar o acesso aos locais de trabalho das mulheres que trabalham na área da saúde.
No entanto, disse que muitas delas não vão trabalhar.
Entre as dezenas de milhares de afegãos ainda lotados em redor do aeroporto de Cabul estão trabalhadores da saúde, incluindo enfermeiros, obstetras e médicos, que também estão a tentar deixar o Afeganistão.
“Ouvimos trabalhadores da saúde e autoridades sanitárias que estão a abandonar o país ou a tentar fazê-lo, o que é obviamente um problema” para o funcionamento dos serviços de saúde, reconheceu.
Brennan salientou que quando terminarem as operações das forças internacionais, em 31 de agosto, as “necessidades humanitárias continuarão e será uma nova fase, que é complexa e a uma escala nunca antes conhecida”.
Pediu que não se esquecesse que, nos últimos 20 anos de presença internacional no Afeganistão, foram feitos progressos muito importantes em termos de acesso à saúde, com os indicadores a mostrarem reduções de 60% na mortalidade materna e de 50% na mortalidade infantil.
Os talibãs assumiram o poder no Afeganistão em 15 de agosto, depois de o seu primeiro governo (1996-2001) ter sido derrubado pela invasão dos Estados Unidos e aliados, na sequência dos atentados de 11 de setembro de 2001.
LUSA/HN
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