Em comunicado, a fabricante de vidros para automóveis de Santa Iria da Azoia – que no passado dia 24 anunciou a decisão de encerramento da atividade produtiva e o consequente despedimento coletivo dos 130 trabalhadores – considera tratar-se de uma “proposta justa e viável”.
Segundo acrescenta, “para além desta compensação monetária, a empresa comprometeu-se ainda a contratar uma empresa especializa em recolocações para apoiar os trabalhadores a encontrarem um novo emprego no mercado de trabalho, bem como a conseguir colocar alguns trabalhadores noutras empresas Saint-Gobain em Portugal”.
Contudo, avançou, “como é habitual nestes processos negociais, a reunião terminou sem qualquer acordo”, estando o próximo encontro marcado para 08 de setembro.
Na reunião de segunda-feira, que a Saint-Gobain Sekurit Portugal diz ter decorrido “num ambiente de total normalidade”, participaram (conforme previsto no Código do Trabalho em situações de despedimento coletivo) um representante da Direção-Geral do Emprego e Relações de Trabalho (DGERT) e representantes dos trabalhadores e da empresa.
“Os representantes da empresa expuseram as razões que levaram à cessação da atividade industrial em Portugal, devido aos prejuízos acumulados e à impossibilidade de reversão dos problemas estruturais da empresa”, refere a Saint-Gobain.
De seguida, diz, foram os representantes dos trabalhadores a “apresentar os seus argumentos”, após o que a Saint-Gobain Sekurit Portugal informou que “está disposta a oferecer aos trabalhadores da empresa uma compensação superior em 50% ao valor previsto na lei relativamente às indemnizações individuais”.
Segundo a empresa, “os problemas da Saint-Gobain Sekurit Portugal têm mais de uma década”, tendo a companhia sido “alvo de várias restruturações na tentativa de minimizar os gastos de estrutura e operacionais”.
“Até agora, tinha sido possível manter a empresa em laboração com a compreensão e o envolvimento dos trabalhadores e por via da constante capitalização da empresa por parte dos sócios. Porém, a pandemia de Covid-19 agravou uma situação já de si frágil, aumentando substancialmente a retração do mercado automóvel (a empresa transforma vidro para os automóveis, sendo essa a sua única atividade), sem possibilidades de recuperação a curto, médio e longo prazo”, argumenta.
Os sindicatos da indústria vidreira já exigiram, contudo, a “intervenção do Governo” para “impedir” o despedimento coletivo, que consideram “inadmissível” e um “atentado”.
Manifestando a “mais firme oposição” à anunciada intenção da Saint-Gobain Sekurit de encerrar a produção de vidro automóvel em Portugal, as estruturas sindicais anunciaram que vão realizar plenários com os trabalhadores “para decidir as medidas a tomar” e solicitar reuniões, nomeadamente aos ministros da Economia e do Trabalho.
“É preciso impedir o despedimento coletivo na Saint-Gobain Sekurit”, sustentam, considerando tratar-se de “um crime”.
Em Portugal o grupo Saint-Gobain emprega cerca de 800 colaboradores distribuídos por 11 empresas e oito fábricas, tendo um volume de faturação de 180 milhões de euros.
LUSA/HN
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