Para as dificuldades de acesso aos cuidados primários de saúde contribui a falta de médicos na extensão de saúde, refere a Comissão de Moradores do Carregado, no distrito de Lisboa.
Contactada pela Lusa, a diretora do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Estuário do Tejo, Sofia Theriaga, confirmou que 86% dos utentes não têm médico de família atribuído.
Números da comissão referem que, dos 16.453 utentes, 14.669 não têm médico, enquanto segundo o ACES, dos 12.833 utentes efetivos, os que recorrem ao Serviço Nacional de Saúde, 11.061 não têm médico.
“É crescente o número de pessoas que, para aguardar a sua vez, são forçadas a pernoitar junto do centro de saúde, na rua, ou dentro dos seus veículos” para conseguirem uma consulta, denunciou a comissão.
Sofia Theriaga admitiu que, nos meses em que a pandemia de Covid-19 esteve mais ativa no país, “não houve consultas e o acesso aos cuidados de saúde foi muito limitado” e que agora “está a haver uma procura enorme e desmesurada”.
Ainda assim, esclareceu que “estão a ser assegurados os mínimos”, recomendando à população que não recorra às “consultas do dia”, por serem em número limitado, mas antes tente programar consultas, para não ter de se deslocar de véspera à unidade.
Por outro lado, para renovação de receituário, podem recorrer aos serviços administrativos, sem necessitar de consulta com o médico.
A extensão de saúde funciona com um médico de família em permanência, servindo cerca de 1.780 utentes da unidade.
Contudo, apesar das dificuldades na colocação de médicos, a responsável do ACES esclareceu que existem outros médicos prestadores de serviços, a trabalhar num total de 153 horas por semana, a reforçar as consultas.
Devido à falta de médicos de família, a população é obrigada a recorrer à urgência do Hospital de Vila Franca de Xira, referiu a comissão.
Com a manifestação, os cidadãos têm como objetivo sensibilizar o Governo para investir no Serviço Nacional de Saúde e “colocar termo a esta situação precária”.
LUSA/HN
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