Pandemia já matou quase tantos norte-americanos como a gripe espanhola

21 de Setembro 2021

A Covid-19 já matou quase tantos norte-americanos, no último ano e meio, como a gripe espanhola, entre 1918 e 1919, contabilizado cerca de 675 mil óbitos, de acordo com dados divulgados pela Universidade Johns Hopkins.

Embora o aumento de novas infeções através da variante Delta possa atingir o pico, as mortes nos Estados Unidos da América (EUA) ainda atingem mais de 1.900 por dia em média, o nível mais alto desde o início de março, e o número de mortes no país abrangem mais 674 mil.

A população dos EUA há um século era apenas um terço do que hoje, o que significa que a pandemia atingiu uma faixa muito maior e mais letal em todo o país.

Sobre a oportunidade de vacinar todos os elegíveis até ao momento, o médico da Universidade de Michigan Howard Markel disse que “grandes interesses da sociedade norte-americana – e, pior, dos líderes – deitaram isso fora”.

Entretanto, o inverno poderá um novo surto, com a Universidade de Washington a projetar cerca de 100 mil norte-americanos mortos pelo novo coronavírus em 01 de janeiro, o que elevará o número total de óbitos nos EUA para 776 mil.

A pandemia da gripe espanhol (1918-19) matou 50 milhões de pessoas em todo o mundo numa época em que o planeta tinha um quarto da população que tem hoje.

As mortes globais por Covid-19 estão atualmente na casa dos 4,6 milhões.

Segundo a agência de notícias AP, o número óbitos da gripe espanhola nos EUA é uma estimativa aproximada, face aos registos incompletos da época e o pouco conhecimento científico sobre o que provocou a doença.

O número de 675 mil vem Centros de Controlo e Prevenção de Doença (CDC) dos EUA.

O refluxo da Covid-19 pode acontecer se o vírus enfraquecer progressivamente à medida que sofre mutações e cada vez mais o sistema imunológico humano aprende a criar defesas.

A vacinação e a sobrevivência à infeção são os principias fatores para melhorar o sistema imunológico. Os bebés amamentados também ganham alguma imunidade das mães.

Nesse cenário otimista, as crianças em idade escolar desenvolveriam apenas doenças leves que preparariam o sistema imunológico. À medida que crescem, as crianças transportam a memória da resposta imunológica, de modo que, quando forem mais velhas e vulneráveis, o novo coronavírus não seja mais perigoso do que a gripe normal.

O mesmo vale para os adolescentes vacinados hoje: o seu sistema imunológico ficaria mais forte com a vacinação.

“Todos nós vamos ser vacinados. O importante é se as infeções são graves”, disse o biólogo da Universidade Emory (Atlanta) Rustom Antia.

Algo semelhante aconteceu com vírus da gripe H1N1, o culpado da pandemia de 1918-19, que encontrou muitas pessoas imunes e acabou por enfraquecer através de mutações. Ainda hoje o H1N1 circula entre a comunidade, mas imunidade adquirida através da infeção e da vacinação triunfou.

Tomar uma vacina anual contra a gripe normal atualmente protege contra o H1N1 e várias outras doenças.

A gripe normal mata entre 12 mil e 61 mil norte-americanos todos anos, mas, em média, é problema sazonal e controlável.

Já a gripe de 1918-19 – que foi erroneamente chamada de gripe espanhola, porque recebeu ampla cobertura da imprensa em Espanha – foi pior.

Disseminada pela mobilidade da Primeira Guerra Mundial, matou muitos jovens adultos e saudáveis. Não havia vacinada para retardar o vírus e não havia antibióticos para tratar as infeções secundárias.

No entanto, as viagens e as migrações em massa ameaçam aumentar o número de vítimas da atual pandemia. Grande parte da população mundial ainda não foi vacinada.

LUSA/HN

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