“O Governo criou uma comissão negocial que reúne sem qualquer poder de decisão, portanto, isso demonstra claramente a falta de seriedade deste governo”, afirmou o sindicalista à Lusa.
Para Yoio João Correia, o problema “é sério”, porque afeta “gravemente o setor social” e devia haver um compromisso das pessoas com poder de decisão no Governo para “enfrentar o sindicato nas negociações” para encontrar uma solução.
O sindicalista falava à Lusa sobre o processo da negociação solicitado pelo executivo guineense, bem como dos pontos imediatos que devem ser cumpridos para o levantamento da greve que decorre há cerca de um ano no setor da saúde.
Yoio João Correia defendeu a estabilização de um diálogo franco entre as partes e da criação de uma comissão negocial com pessoas “capazes de tomar decisões e compromissos sérios”.
Questionado sobre as reivindicações que precisam de ser cumpridas para o levantamento da greve, o sindicalista referiu que são a aprovação dos estatutos da carreira dos profissionais de saúde no Conselho de Ministros e a sua consequente promulgação pelo chefe de Estado da Guiné-Bissau.
O sindicato pediu também ao Governo a redução da dívida aos técnicos de saúde, bem como o pagamento dos ordenados de centenas de técnicos recém-colocados.
“Estes são os pontos imediatos para o Governo cumprir e que infelizmente não conseguiu até agora”, explicou.
Sobre as condições de trabalho, disse que o sindicato propõe ao Governo a criação de uma comissão conjunta para fazer um levantamento a nível nacional sobre as reais necessidades dos hospitais.
“Enquanto profissionais de saúde jurámos salvar as vidas, mas também é preciso que haja condições de trabalho. Estamos a trabalhar nos hospitais sem condições técnicas para salvar vidas”, afirmou.
O sindicalista reconheceu que o Governo guineense não está em condições de pagar todas as dívidas de salários com os trabalhadores, por isso disse que a solução apresentada que deveria constar no pré-acordo com o Governo é a reposição dos descontos feitos nos salários dos funcionários públicos e priorizar as dívidas a pagar de imediato e depois calendarizar o pagamento de outras dívidas.
“Este era o entendimento engajado pelo primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam. Depois fomos surpreendidos pela comissão negocial do Governo a dizer que não será possível a reposição dos descontos feitos e que também não está em condições de pagar as dívidas”, disse.
O sindicato até ao momento continua apenas a pedir ao Governo o cumprimento dos pontos imediatos para o levantamento da greve no setor da saúde, insistiu o sindicalista.
LUSA/HN
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