O apelo à renovação do parque de equipamentos de diagnóstico por imagem no Serviço Nacional de Saúde (SNS) é feito numa carta aberta enviada hoje ao Governo pelo Grupo de Imagem Médica da Associação Empresarial dos Setores Elétrico, Eletrodoméstico, Fotográfico, Eletrónico (AGEFE) e pela Associação Portuguesa de Radiologia, Neurorradiologia e Medicina Nuclear e pela Associação Portuguesa dos Técnicos de Radiologia, Radioterapia e Medicina Nuclear.
Os subscritores acreditam que o Governo reconhece a importância da renovação destes equipamentos, por “vários sinais” que tem dado nomeadamente no Orçamento do Estado (OE) para 2021, mas, segundo o diretor-executivo da AGEFE, Daniel Ribeiro, ficaram “um bocadinho desiludidos com a omissão e o investimento na remodelação do parque dos equipamentos de diagnóstico por imagem” na proposta do OE para 2022.
“Enquanto associação representativa de vários setores, e neste caso da indústria médica em Portugal, temos alguma informação das nossas congéneres europeias sobre a evolução do parque global no setor público e no setor privado destes equipamentos e entendemos que era nossa responsabilidade” partilhá-la de “uma forma aberta para que isso motive o Governo a promover esta renovação”, disse à agência Lusa Daniel Ribeiro.
Os equipamentos mais atuais permitem um diagnóstico melhor e mais precoce em doenças como o cancro ou as lesões cérebro-cardiovasculares, potenciando reduções de custo no seu tratamento. Além disso, têm custos de funcionamento e manutenção mais reduzidos e oferecem maior conforto e proteção a utentes e profissionais.
Daniel Ribeiro adiantou que a Sociedade Europeia de Radiologia e a Associação Europeia de Eletromedicina e de Equipamentos de Imagem Médica estabelecem que estes equipamentos têm um período de vida útil de cerca de 10 anos, não devendo haver mais de 10% de equipamentos com mais de uma década.
No final de 2020, para três dos quatro equipamentos pesados mais relevantes, Portugal apresentava uma proporção de equipamentos com 10 ou mais anos maior do que a média europeia.
“Estimamos que esta realidade no Serviço Nacional de Saúde seja ainda mais negativa, pois tudo nos indica que a maior parte da despesa com a sua aquisição tenha sido feita pelo setor privado”, lê-se na carta, de 39 páginas, dirigida ao primeiro-ministro, António Costa.
Os subscritores defendem também a realização de um levantamento e caracterização no SNS destes equipamentos que englobam um conjunto de tecnologias de saúde como a radiografia, mamografia, ultrassonografia, endoscopia, tomografia computadorizada, ressonância magnética.
Segundo Daniel Ribeiro, as associações estão dispostas a colaborar com as autoridades para instituir “modelos céleres” do levantamento do parque de forma a tomar “decisões corretas de investimento”.
As associações lembram que a última inventariação do Governo foi feita na “Carta de Equipamentos Médicos Pesados da Saúde” com dados de 2012.
Por estas razões, as associações pedem ao Governo para que assegure a execução das verbas e investimentos previstos no OE para 2021 nesta área e assegure a mobilização dos fundos necessários para a substituição, designadamente no OE para 2022, dos equipamentos obsoletos do SNS.
LUSA/HN
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