“Numa altura em que o mundo atravessa mudanças turbulentas sem precedentes e a pandemia do século, é mais importante do que nunca que a comunidade internacional dê as mãos para enfrentar os desafios e alcançar um desenvolvimento comum”, apontou Xianfa, defendendo a importância de “praticar um multilateralismo genuíno” e “apoiar firmemente as Nações Unidas no desempenho do seu papel central”.
Liu Xianfa falava na abertura de um seminário organizado em Macau para assinalar o 50.º aniversário do reconhecimento da República Popular da China pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Em 25 de outubro de 1971, a ONU aprovou a resolução 2.758 – com 76 votos a favor, 35 contra e 17 abstenções, além de três ausências – para reconhecer a República Popular da China como “o único representante legítimo da China nas Nações Unidas”.
“Esta foi uma vitória para o povo chinês, bem como para os povos de todos os países do mundo”, defendeu o comissário, num discurso citado num comunicado, disponível apenas em chinês.
“Nos últimos 50 anos, a China praticou os propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas com ações práticas, assumiu a liderança na implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, prosseguiu uma política externa independente de paz, defendeu a justiça [e] opôs-se resolutamente à hegemonia”, disse.
No discurso para assinalar a efeméride, o comissário do MNE chinês em Macau apontou ainda que o território, com “uma história de mais de 400 anos de intercâmbios culturais entre a China e o Ocidente, onde diversas culturas coexistem”, tem “um papel importante na cooperação entre a China e as Nações Unidas”, tendo “vindo a alargar continuamente os intercâmbios e a cooperação com o estrangeiro”.
O comissário citou como exemplo a inclusão de Macau na lista do Património Mundial da Organização das Nações Unidas para a Ciência, Educação e Cultura (UNESCO), em 2005, ou a certificação de equipas médicas de emergência do território pela Organização Mundial de Saúde (OMS), desde 2019.
Xianfa afirmou ainda que a China “continuará a defender os propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas” e a “promover vigorosamente os valores comuns de paz, desenvolvimento, equidade, justiça, democracia e liberdade”.
Na segunda-feira, o Presidente chinês, Xi Jinping, insistiu na “coexistência pacífica” e defendeu que “ninguém deve ditar a ordem internacional”, numa crítica velada aos Estados Unidos da América (EUA), no discurso que assinalou o 50.º aniversário do reconhecimento da República Popular da China pela ONU, em 1971.
Nessa altura, foram expulsos os nacionalistas do Kuomintang (KMT), que se estabeleceram em Taiwan, em 1949, após perderem a guerra civil contra os comunistas. Taiwan passou então a ter a designação oficial de República da China. Na década de 1990 o território realizou a transição para a democracia.
A China insiste em “reunificar” a República Popular com a ilha e não descartou o uso da força para esse efeito.
Taiwan, desde então, ficou de fora da ONU e de outras organizações, sob pressão da China, com poucas exceções, como a OMS, na qual participou como observador sob o nome de Taipé Chinês.
No domingo, o Departamento de Estado dos EUA disse em comunicado que os seus representantes mantiveram conversas com o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Taiwan para “expandir a participação de Taiwan” nas Nações Unidas e em outros fóruns internacionais.
Um dia depois, o ex-embaixador chinês nos EUA Cui Tankai disse que Pequim “nunca permitirá” que Taiwan participe na ONU e que “isso simplesmente vai contra a tendência da História”.
Taiwan é uma das principais fontes de conflito entre Washington e Pequim, visto que os EUA são o principal fornecedor de armas da ilha e seriam o seu maior aliado militar em caso de uma guerra com a China.
LUSA/HN
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