Comissário chinês em Macau defende cooperação com ONU para enfrentar “pandemia do século”

28 de Outubro 2021

O comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) da China em Macau, Liu Xianfa, defendeu esta quinta-feira a importância da cooperação com as Nações Unidas, numa altura em que o mundo atravessa “a pandemia do século”.

“Numa altura em que o mundo atravessa mudanças turbulentas sem precedentes e a pandemia do século, é mais importante do que nunca que a comunidade internacional dê as mãos para enfrentar os desafios e alcançar um desenvolvimento comum”, apontou Xianfa, defendendo a importância de “praticar um multilateralismo genuíno” e “apoiar firmemente as Nações Unidas no desempenho do seu papel central”.

Liu Xianfa falava na abertura de um seminário organizado em Macau para assinalar o 50.º aniversário do reconhecimento da República Popular da China pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Em 25 de outubro de 1971, a ONU aprovou a resolução 2.758 – com 76 votos a favor, 35 contra e 17 abstenções, além de três ausências – para reconhecer a República Popular da China como “o único representante legítimo da China nas Nações Unidas”.

“Esta foi uma vitória para o povo chinês, bem como para os povos de todos os países do mundo”, defendeu o comissário, num discurso citado num comunicado, disponível apenas em chinês.

“Nos últimos 50 anos, a China praticou os propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas com ações práticas, assumiu a liderança na implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, prosseguiu uma política externa independente de paz, defendeu a justiça [e] opôs-se resolutamente à hegemonia”, disse.

No discurso para assinalar a efeméride, o comissário do MNE chinês em Macau apontou ainda que o território, com “uma história de mais de 400 anos de intercâmbios culturais entre a China e o Ocidente, onde diversas culturas coexistem”, tem “um papel importante na cooperação entre a China e as Nações Unidas”, tendo “vindo a alargar continuamente os intercâmbios e a cooperação com o estrangeiro”.

O comissário citou como exemplo a inclusão de Macau na lista do Património Mundial da Organização das Nações Unidas para a Ciência, Educação e Cultura (UNESCO), em 2005, ou a certificação de equipas médicas de emergência do território pela Organização Mundial de Saúde (OMS), desde 2019.

Xianfa afirmou ainda que a China “continuará a defender os propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas” e a “promover vigorosamente os valores comuns de paz, desenvolvimento, equidade, justiça, democracia e liberdade”.

Na segunda-feira, o Presidente chinês, Xi Jinping, insistiu na “coexistência pacífica” e defendeu que “ninguém deve ditar a ordem internacional”, numa crítica velada aos Estados Unidos da América (EUA), no discurso que assinalou o 50.º aniversário do reconhecimento da República Popular da China pela ONU, em 1971.

Nessa altura, foram expulsos os nacionalistas do Kuomintang (KMT), que se estabeleceram em Taiwan, em 1949, após perderem a guerra civil contra os comunistas. Taiwan passou então a ter a designação oficial de República da China. Na década de 1990 o território realizou a transição para a democracia.

A China insiste em “reunificar” a República Popular com a ilha e não descartou o uso da força para esse efeito.

Taiwan, desde então, ficou de fora da ONU e de outras organizações, sob pressão da China, com poucas exceções, como a OMS, na qual participou como observador sob o nome de Taipé Chinês.

No domingo, o Departamento de Estado dos EUA disse em comunicado que os seus representantes mantiveram conversas com o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Taiwan para “expandir a participação de Taiwan” nas Nações Unidas e em outros fóruns internacionais.

Um dia depois, o ex-embaixador chinês nos EUA Cui Tankai disse que Pequim “nunca permitirá” que Taiwan participe na ONU e que “isso simplesmente vai contra a tendência da História”.

Taiwan é uma das principais fontes de conflito entre Washington e Pequim, visto que os EUA são o principal fornecedor de armas da ilha e seriam o seu maior aliado militar em caso de uma guerra com a China.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Projeto Luzia: Revolucionando o Acesso à Oftalmologia nos Cuidados de Saúde Primários

O Dr. Sérgio Azevedo, Diretor do Serviço de Oftalmologia da ULS do Alto Minho, apresentou o projeto “Luzia” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde. Esta iniciativa inovadora visa melhorar o acesso aos cuidados oftalmológicos, levando consultas especializadas aos centros de saúde e reduzindo significativamente as deslocações dos pacientes aos hospitais.

Gestão Sustentável de Resíduos Hospitalares: A Revolução Verde no Bloco Operatório

A enfermeira Daniela Simão, do Hospital de Pulido Valente, da ULS de Santa Maria, em Lisboa, desenvolveu um projeto inovador de gestão de resíduos hospitalares no bloco operatório, visando reduzir o impacto ambiental e económico. A iniciativa, que já demonstra resultados significativos, foi apresentada na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde, promovida pela Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar

Reformas na Saúde Pública: Desafios e Oportunidades Pós-Pandemia

O Professor André Peralta, Subdiretor Geral da Saúde, discursou na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde sobre as reformas necessárias na saúde pública portuguesa e europeia após a pandemia de COVID-19. Destacou a importância de aproveitar o momento pós-crise para implementar mudanças graduais, a necessidade de alinhamento com as reformas europeias e os desafios enfrentados pela Direção-Geral da Saúde.

Via Verde para Necessidades de Saúde Especiais: Inovação na Saúde Escolar

Um dos projetos apresentado hoje a concurso na 17ª Edição do Prémio Boas Práticas em Saúde, uma iniciativa da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar, foi o projeto Via Verde – Necessidades de Saúde Especiais (VVNSE), desenvolvido por Sérgio Sousa, Gestor Local do Programa de Saúde Escolar da ULS de Matosinhos e que surge como uma resposta inovadora aos desafios enfrentados na gestão e acompanhamento de alunos com necessidades de saúde especiais (NSE) no contexto escolar

Projeto Utente 360”: Revolução Digital na Saúde da Madeira

O Dr. Tiago Silva, Responsável da Unidade de Sistemas de Informação e Ciência de Dados do SESARAM, apresentou o inovador Projeto Utente 360” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas , uma iniciativa da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar (APDH). Uma ideia revolucionária que visa integrar e otimizar a gestão de informações de saúde na Região Autónoma da Madeira, promovendo uma assistência médica mais eficiente e personalizada

MAIS LIDAS

Share This