A informação foi divulgada num comunicado do Governo Regional açoriano (PSD/CDS-PP/PPM), no dia em que a presidente da Ordem dos Médicos nos Açores manifestou preocupação com aquela unidade do hospital de Hospital de Ponta Delgada, por existirem “300 doentes há meses sem consultas”.
“É importante que isto se esclareça”, disse Clélio Meneses, à margem da visita estatutária que o Governo Regional dos Açores está a efetuar à ilha de São Jorge.
A decisão “vai no sentido de se apurar o que se está a passar e de se apurar alguma eventual responsabilidade, e havendo indícios de responsabilidade, os consequentes procedimentos disciplinares”, frisou.
A presidente da Ordem dos Médicos disse que existem seis médicos de oncologia nos quadros do HDES, estando dois de atestado e outros dois estão com o “horário reduzido devido a licenças de maternidade e paternidade”, pelo que “sobram dois médicos a tempo inteiro”.
De acordo com Clélio Meneses, o processo de averiguações “vai decorrer através de uma equipa exterior ao Conselho de Administração do HDES”.
Isto porque “a Inspeção Regional da Saúde está assoberbada de trabalho, com muitos processos em curso, e isto é importante que se clarifique o mais depressa possível, através desta equipa exterior”, justificou.
Para o secretário Regional da Saúde, há um “excesso de ruído relativamente àquilo que é a saúde das pessoas”, algo que “não pode ser posto em causa”.
“As consultas no Hospital do Divino Espírito Santo têm acontecido”, disse.
O governante indicou com números da ordem das 1.940 consultas no corrente ano, algo que identificou como “o segundo melhor indicador desde 2017”.
“O que quer dizer que está a decorrer com alguma normalidade”, sublinhou.
Clélio Meneses revelou ainda que “há quatro pessoas em lista de espera para a primeira consulta de Oncologia”.
“Apesar de os números serem estes, o que se sente é que há um excesso de ruído”, frisou.
Questionado sobre a intervenção da tutela neste processo, o governante referiu pugnar pela “serenidade e clarificação”, uma vez que “para agitação e para alguma irresponsabilidade que possa existir, a Secretaria Regional da Saúde e Desporto não contribui”.
A presidente da Ordem dos Médicos nos Açores, Margarida Moura, revelou que “houve uma semana em que só esteve um oncologista a trabalhar” naquele hospital da ilha de São Miguel.
A presidente da Ordem dos Médicos nos Açores alertou para o “esforço acrescido” dos médicos do serviço de oncologia, que “têm de assegurar as diferentes atividades clínicas do serviço”.
“Só para terem um exemplo da sobrecarga de trabalho a que estes médicos têm estado sujeitos, houve dias em que um dos médicos [agora] em ‘burnout’ chegou a observar em consulta entre 45 a 60 doentes de oncologia. Isso é uma enormidade. Ninguém aguenta isto”, apontou.
Questionada sobre as responsabilidades da administração do Hospital, Margarida Moura afirmou que o “primeiro atestado de burnout” foi uma “consequência de atitudes que a administração teve para com o responsável da unidade” de oncologia.
Segundo a RTP/Açores, o responsável pela unidade de oncologia do HDES, Rui San-Bento, pediu uma baixa médica devido a ingerências e “atropelos” à sua gestão por parte da direção clínica do hospital.
Margarida Moura disse ter a informação de que o HDES contratou “pontualmente” uma médica oncologista para observar 60 doentes em dois dias na “próxima semana”.
“Não há conhecimento de que haja um plano para a vinda regular de oncologistas para observar os doentes em atraso. Nem há conhecimento se esta médica irá regressar posteriormente”, concluiu.
LUSA/HN
0 Comments