Vendedores de mercado em Luanda temem contágio devido a aglomerações diárias

22 de Novembro 2021

No Mercado do 30, um dos maiores de Luanda, muitos vendedores temem ser contaminados pela Covid-19, devido ao incumprimento no uso da máscara e escasso distanciamento, e mesmo os vacinados pedem proteção divina perante a aglomeração diária de pessoas.

Localizado no município angolano de Viana, a 30 quilómetros do centro de Luanda, é o maior mercado abastecedor de produtos diversos a céu aberto e congrega diariamente milhares de pessoas, entre vendedores e compradores.

Quem tem neste mercado a sua fonte de rendimentos são sobretudo mulheres, que preenchem grande parte desta praça para o comércio de bens e serviços, e receiam o contágio pelo coronavírus SARS-CoV-2, que causa a doença covid-19, porque muitos acorrem ao local sem uma máscara facial, de uso obrigatório em Angola.

O quase inexistente distanciamento físico constitui também preocupação para os vendedores que, mesmo tendo tomado a primeira dose da vacina contra a covid-19, dizem-se receosos, mas confiantes em Deus por ali permanecerem em busca do sustento.

A pequena chuva que cai sobre Luanda condiciona ainda mais a mobilidade de pessoas no interior do mercado, devido à lama e charcos de água nas ruas já estreitas, empurrando vendedores e compradores para um permanente contacto em busca de um local, embora estreito, para se movimentarem.

Já vacinada, mas sem qualquer máscara protetora, encontramos no mercado Celina Jaúca, que há dez anos comercializa roupa e lamenta não ter conseguido, desde as primeiras horas do dia, um kwanza (moeda angolana) sequer para adquirir uma máscara.

“Não trouxe a máscara porque esqueci em casa, e o cartão da vacina. Tenho mesmo medo do contágio, só que ainda não tenho valores para comprar máscara”, declarou à Lusa.

Celina Jaúca diz, no entanto, estar ciente da importância da vacina contra a covid-19, que “garante imunidade no organismo”, e da obrigatoriedade do uso da máscara facial, bem como do cartão e/ou certificado de vacina, desde 01 de novembro, particularmente em espaços fechados e instituições públicas.

Paula Isaac transformou um carro de mão em bancada móvel e ali expõe vários produtos alimentares que vende naquele mercado, da zona sul de Luanda, há quatro anos.

A vendedora de 31 anos deu conta que já tomou a primeira dose da vacina contra a Covid-19, admitindo também ter “medo de contágio” naquele mercado porque a doença “é invisível e não se consegue ver quem tem”.

No entanto, no contacto diário com os clientes, Paula Isaac não obriga à apresentação do cartão ou certificado de vacinas, como lhe impuseram, recentemente, quando acompanhou o filho ao hospital.

A importância da vacina contra a Covid-19 foi também realçada por Natália Ngueve, vendedora de legumes no Mercado do 30, que já com a primeira dose usa a máscara facial de forma irregular “por distração” e manifesta ainda assim “receios” pelo contágio.

“A doença só Deus é que tem de nos cuidar e vamos entregar tudo na mão de Deus (…). Por vezes uso máscara e outras vezes não, só mesmo por distração”, assumiu a comerciante, que disse não ser obrigatório os clientes exibirem o cartão de vacinas.

Vender óleo para o sustento dos filhos é um exercício que Esperança Arminda, 40 anos, faz há sete anos naquela feira, onde acorrem centenas de compradores em busca sobretudo de produtos do campo.

Esperança, que já tomou a primeira dose da vacina e garante que está prevenida, acredita que apesar das enchentes diárias no mercado as medidas de proteção individual ajudam a prevenir o contágio.

“Temos sim enchentes, mas contaminação não, porque estamos a prevenir com a máscara e já fomos vacinadas”, realçou.

As autoridades sanitárias angolanas instalaram naquele mercado um posto de vacinação contra a Covid-19 que regista grande adesão de vendedores, clientes e populares residentes nos arredores como constatou a Lusa no local.

Angola vive, há mais de um ano, uma situação de calamidade pública visando conter a propagação da Covid-19 e conta com circulação comunitária de novas variantes nas 18 províncias do país.

Até ao dia 18 de novembro tinham sido administradas contra a doença mais de 8 milhões de doses de vacinas.

LUSA/HN

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