Pediatras consideram que decisão de vacinar crianças vale a pena se reduzir confinamentos nas escolas

23 de Novembro 2021

A presidente da Sociedade Portuguesa de Pediatria defende que a decisão sobre a vacinação contra a Covid-19 de crianças dos 5 aos 11 anos deve ser analisada em conjunto com uma revisão das medidas de isolamento impostas nas escolas.

“Só se conseguirmos diminuir os confinamentos prolongados e recorrentes das crianças vale a pena vacinar nesta idade, dado que a doença grave é muito rara nestes grupos etários”, disse à Lusa Inês Azevedo.

A responsável insistiu: “É uma decisão de saúde pública, em que os responsáveis terão de ter em conta não só os números atuais [da infeção], como perceber se através da vacinação é possível reduzir as medidas de confinamento que têm sido impostas até ao momento nas escolas e que estão a prejudicar seriamente as crianças”.

Na posição concertada hoje divulgada, assinada pela direção e pela comissão de vacinas da Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP), a organização lembra que as vacinas foram testadas em ensaio clínico em 1.517 crianças e que se mostraram seguras e eficazes.

Em declarações à Lusa, Inês Azevedo defende, no entanto, que para avaliar a importância de vacinas as crianças “é preciso ter também em conta os casos por faixa etária, a transmissão e a responsabilidade das crianças na infeção, dados aos quais a Sociedade não tem acesso”.

“Os estudos científicos indicam que essa transmissão parece ser baixa em idades mais jovens, mas não conhecemos os dados nacionais e será necessário ter acesso a esses dados para perceber a importância de vacinar crianças neste grupo etário”, explicou.

A responsável sublinhou a importância de rever as medidas de isolamento definidas para as escolas (quando surgem casos suspeitos ou positivos), defendendo que a SPP será favorável a tudo o que ajude a normalizar a vida das crianças.

Aliás, esta posição ficou igualmente expressa na posição divulgada hoje no site da SPP, em que a organização considera que, “provada a segurança e eficácia da vacina, poderá ser considerada a sua aplicação neste grupo etário, se isso permitir trazer normalidade à vida das crianças”.

A SPP considera ainda que, “como muitos adultos agora estão protegidos pela vacinação, é natural que a proporção de novos testes positivos encontrados em crianças seja maior do que antes”, especialmente com a “testagem intensiva das crianças” a frequentar as escolas.

“Com certeza que [a decisão] terá em conta todos estes dados, assim como a disponibilidade das vacinas no país, a necessidade de vacinar adultos de risco e, eventualmente, também terão de ser considerados alguns fatores de risco das próprias crianças”, disse à Lusa Inês Azevedo.

Até que alguma decisão sobre a assinação de crianças dos 5 aos 11 anos seja tomada, a SPP reforça a necessidade de “manter medidas de prevenção eficazes, nomeadamente de etiqueta respiratória, com higienização frequente das mãos e uso de máscara sempre que adequado”.

LUSA/HN

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