Papa diz que Mediterrâneo é “um grande cemitério”

28 de Novembro 2021

O Papa Francisco lamentou que o Mediterrâneo seja atualmente "um grande cemitério" para muitos migrantes, que ainda por cima são recebidos com hostilidade em terra, numa vídeo mensagem divulgada antes de viajar para a Grécia e Chipre.

“O mar, que abraça muitos povos, com os seus portos abertos recorda que as fontes da vida em conjunto estão na aceitação mútua”, diz Francisco no vídeo, que antecede a viagem que inicia no próximo dia 02 de dezembro.

Francisco recordou os que “fogem das guerras e da pobreza” e que quando chegam às costas do continente europeu e de outras latitudes, “não encontram hospitalidade, mas sim hostilidade, e são manipulados”.

“São as nossas irmãs e irmãos. Quantos perderam a vida no mar? O nosso ‘Mare Nostrum’, o Mediterrâneo, é um grande cemitério”, denunciou.

Na mensagem, o Papa definiu a Grécia e Chipre como terras “abençoadas pela História, a Cultura e o Evangelho”, verdadeiro “manancial antigo da Europa”.

A primeira pela sua história clássica, o segundo como “esboço” da Terra Santa no continente.

Para o Papa Francisco, a Europa “não pode prescindir” do Mediterrâneo, mar no qual as grandes civilizações do passado moldaram as suas culturas e que une tantas terras, e pediu que os países que circundam “não se dividam deixando cada um por sua conta”, especialmente agora com a luta contra a pandemia de covid-19 e a crise climática.

Francisco expressou o desejo de cerca de 50 refugiados em Chipre viajem para Roma graças aos esforços humanitários da Comunidade de Santo Egídio, como gesto simbólico da sua viagem ao país no próximo dia 02 de dezembro, mas a chegada daqueles apenas se concretizará semanas depois da sua visita, segundo fontes da embaixada cipriota na Santa Sé, citadas pela agência noticiosa espanhola EFE.

Não seria a primeira vez que refugiados viajariam para o Vaticano.

Em abril de 2016 o Papa surpreendeu ao levar consigo, da ilha grega de Lesbos para o Vaticano uma dezena de sírios, membros de três famílias, num gesto que pretendeu responder à passividade europeia na hora de acolher os refugiados chegados às ilhas gregas.

Também hoje, num comunicado de imprensa, a Santa Sé anunciou que o Papa Francisco nomeou o atual ministro da Economia argentino, Martín Maximiliano Guzmán, como novo membro da Academia Pontifícia de Ciências Sociais.

A Academia, criada em janeiro de 1994 pelo Papa João Paulo II, dedica-se à promoção do estudo e o progresso das ciências sociais, sobretudo a economia, sociologia, direito e ciências políticas.

O objetivo é assegurar à Igreja Católica “elementos para desenvolver a sua doutrina social, refletindo sobre a aplicação da mesma na sociedade contemporânea”.

A Academia integra pelo menos 20 e não mais de 40 académicos, todos nomeados pelo Papa pelas suas competências nas ciências sociais “e pela sua integridade moral”.

Entre os atuais membros figuram o primeiro-ministro italiano e ex-presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, o sociólogo chileno Pedro Morandé e o argentino Marcelo Suárez-Orozco.

Noutro comunicado igualmente divulgado hoje, a Santa Sé anunciou que o Papa Francisco nomeou César Alonso Ortega Díaz nov responsável da diocese mexicana de Linares (norte).

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Ordem firme na necessidade de se resolver pontos em aberto nas carreiras dos enfermeiros

O Presidente da Secção Regional da Região Autónoma dos Açores da Ordem dos Enfermeiros (SRRAAOE), Pedro Soares, foi convidado a reunir esta sexta-feira na Direção Regional da Saúde, no Solar dos Remédios, em Angra do Heroísmo. Esta reunião contou com a presença de representantes dos sindicatos e teve como ponto de partida a necessidade de ultimar os processos de reposicionamento que ainda não se encontram concluídos, firmando-se a expetativa de que tal venha a acontecer até ao final deste ano.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights