O estudo, que abre portas a possíveis tratamentos para a retinite pigmentosa com novos medicamentos que melhorem a produção desta proteína, foi hoje divulgado na publicação científica EMBO Reports e é liderado por cientistas do Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB) António Xavier da Universidade Nova de Lisboa e do Instituto Gulbenkian de Ciência, que trabalharam em colaboração com investigadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, e da Academia Checa de Ciências.
“Descobrimos um mecanismo importante para a produção da rodopsina, uma proteína com uma estrutura tridimensional bastante complexa. Defeitos na produção desta proteína causam uma doença chamada retinite pigmentosa, que provoca a degeneração da retina e consequente perda de visão”, disse à Lusa a primeira autora do estudo, Catarina Gaspar, doutoranda no laboratório coordenado por Pedro Domingos, investigador que liderou o trabalho no ITQB.
Justificando o alcance da investigação, Catarina Gaspar referiu que ao compreender-se melhor como se produz esta proteína será possível “melhorar o tratamento” da retinite pigmentosa, doença que “só ocorre quando a proteína é produzida de forma defeituosa”.
Num próximo estudo as equipas pretendem “detalhar ainda mais” o mecanismo para a produção da rodopsina, tendo em vista a “procura de novos fármacos” que melhorem a produção desta proteína, que se encontra nas células da retina dos olhos.
Uma vez que o processo de produção da rodopsina “é bastante semelhante” nos olhos da mosca-da-fruta e nos olhos humanos, os cientistas usaram células humanas e moscas-da-fruta como modelos para o trabalho, aplicando técnicas de análise bioinformática e microscopia de fluorescência.
Através de análises bioinformáticas, os investigadores identificaram proteínas que poderiam depender de “uma maquinaria muito importante que existe em todas as células”, chamada Complexo de Membrana do Retículo Endoplasmático, que “é responsável pela produção de proteínas com estrutura tridimensional complexa”.
Catarina Gaspar explicou que, partindo de 254 possíveis proteínas, foram identificadas duas que requerem esta maquinaria para a sua produção através de um rastreio genético em olhos da mosca-da-fruta.
Uma das proteínas identificadas, chamada Xport-A, é considerada essencial para o processo de produção de rodopsina.
LUSA/HN
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