Governo do Brasil desiste de exigir receita médica para vacinar crianças

6 de Janeiro 2022

O Governo brasileiro anunciou na quarta-feira a inclusão de crianças entre os 05 e os 11 anos no plano nacional de vacinação contra a Covid-19 e abdicou da exigência de receita médica para imunização dessa faixa etária.

A imunização das crianças, que já havia sido autorizada em 16 de dezembro pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa, órgão regulador do país), será feita com a vacina da Pfizer.

Apesar de ter desistido de exigir receita médica para a vacinação, o Ministério da Saúde orientou os pais das crianças a procurarem a recomendação prévia de um médico.

“Com a estimativa de cerca de 20 milhões de crianças a serem imunizadas, orientamos que os pais procurem a recomendação prévia de um médico antes da vacinação – que será realizada com o imunizante da Pfizer, com intervalo de oito semanas entre a 1.ª e a 2.ª doses”, explicou a tutela na rede social Twitter.

Em conferência de imprensa, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, esclareceu que seriam necessárias, em tese, 40 milhões de doses para completar o regime de imunização de duas doses, uma vez que existem 20 milhões de crianças nesta faixa etária no Brasil.

Nesse sentido, o executivo informou que já encomendou “mais de 20 milhões de vacinas pediátricas da Pfizer”, que devem ser entregues no primeiro trimestre de 2022.

Até ao fim do mês, 3,7 milhões dessas doses devem chegar a solo brasileiro.

Apesar de ainda não ter sido anunciada uma data exata para o início da aplicação do antídoto nessa faixa etária, a previsão é que seja iniciada ainda no corrente mês.

“A vacinação de crianças contra a covid-19 não é obrigatória e deve começar ainda em janeiro, por faixa etária decrescente, com prioridade para os pequenos que possuem comorbidades ou deficiências permanentes. Será necessária a presença dos pais ou a autorização por escrito”, acrescentou o Ministério.

Na conferência de imprensa, Queiroga afirmou que a segurança e a eficácia da vacina pediátrica da Pfizer – que é aplicada em dose menor, em relação à versão para adultos – já foi atestada por diversas agências internacionais.

“Isso foi testado através de ensaios clínicos e já logrou aprovação em agências sanitárias respeitáveis, a exemplo do FDA [agência dos Estados Unidos], da Agência Europeia de Medicamentos, e agora teve o aval da Anvisa. Portanto, a Anvisa atestou a segurança regulatória”, frisou Queiroga.

A inclusão de crianças no plano nacional de vacinação tem estado envolvida em polémica no Brasil, após o Presidente, Jair Bolsonaro, ter-se posicionado publicamente contra a administração do imunizante nessa faixa etária.

A vacinação infantil contra a Covid-19 foi homologada pela Anvisa em 16 de dezembro último, quando os seus técnicos aprovaram o antídoto da farmacêutica Pfizer para esse público.

Posteriormente, numa transmissão ao vivo nas suas redes sociais, o chefe de Estado brasileiro, uma das lideranças mais negacionistas em todo o mundo, reagiu indignado e exigiu os “nomes” dos que aprovavam aquela vacina.

“Eu pedi, extraoficialmente, o nome das pessoas que aprovaram a vacina para crianças a partir de 05 anos. Queremos divulgar o nome dessas pessoas para que todo mundo tome conhecimento de quem são essas pessoas e, obviamente, forme o seu juízo”, declarou o Presidente na ocasião, o que motivou o Supremo Tribunal Federal a pedir uma análise às declarações de Bolsonaro.

Jair Bolsonaro, que garante que não foi vacinado contra a Covid-19, chegou a enfatizar que a sua filha de 11 anos não receberá o imunizante.

Juntamente com os Estados Unidos e Índia, o Brasil é um dos países mais afetados pela pandemia, com mais de 619 mil mortes e 22,3 milhões de pessoas infetadas com o vírus.

LUSA/HN

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