Estas posições foram transmitidas a meio do único frente a frente entre António Costa e Rui Rio antes das legislativas de 30 de janeiro, transmitido pelas televisões generalistas, RTP, SIC e TVI, a partir do Teatro do Capitólio, em Lisboa.
No debate sobre a questão da saúde, António Costa foi buscar um ponto do documento do PSD com as linhas gerais para uma revisão constitucional, assinalando que os sociais-democratas pretendiam substituir a norma que consagra um SNS “tendencialmente gratuito” por uma formulação a estabelecer que o acesso “em caso algum pode ser recusado por insuficiência de meios económicos”.
“Só há uma explicação: Pretendem que a classe média, que hoje beneficia de ser tendencialmente gratuito, tenha de passar a pagar os cuidados de saúde”, sustentou o líder socialista.
Rui Rio admitiu que houve um debate interno sobre esse artigo em concreto e chegou-se “à conclusão de que essa é uma formulação mais adequada”, importando “distinguir entre os que podem e aqueles que não podem”.
“É uma nuance”, completou o presidente do PSD, mas o líder socialista considerou tratar-se de “uma bravata ideológica com grandes consequências”.
O presidente do PSD, que se afirmou defensor do SNS, assim como de um sistema público de Segurança Social, salientou os custos que muitos portugueses “pagam hoje com a fraca resposta que dá o SNS”.
“Oh doutor Rui Rio, fraca resposta? Depois do que o SNS fez pelos nossos compatriotas durante esta pandemia?”, reagiu o secretário-geral do PS.
O social-democrata ripostou: “Não vale a pena fazer teatro, porque nós sabemos quais são os resultados do SNS. E se há mais de quatro milhões de portugueses que têm ADSE, ou seguro de saúde, é justamente porque o SNS não dá responda, não dá o acesso que as pessoas precisam”.
Na saúde, o líder social-democrata propôs apontou que há falta de médico de família para “mais de um milhão de portugueses – uma promessa não cumprida pelo Governo”, dizendo que a resposta pela contratualização de um médico assistente do serviço privado.
Já em relação às listas de espera, Rui Rio avançou com “duas ações pontuais: Dinamizar o denominado Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC) para as cirurgias e para as consultas de especialidade”.
“Quer dizer que se o hospital a que eu pertenço do SNS não consegue fazer a cirurgia em tempo aceitável, tem de me dar um voucher, tem de me dar uma autorização para ir a um outro hospital privado fazer a cirurgia, ter a consulta, e o hospital de origem paga”, justificou.
“Entretanto, em paralelo, vamos até ao fim da legislatura procurar que o maior número possível de portugueses, de preferência todos, tenham um médico de família”, completou Rui Rio.
Relativamente à cobertura da população portuguesa por médicos de família, António Costa declarou que não atira a “toalha ao chão” e não desiste.
“A solução não é pegar recursos Estado tem para reforçar no SNS para andar financiar ao lado”, afirmou, numa crítica ao presidente do PSD.
A seguir, Rui Rio destacou diferenças existentes entre os dois principais hospitais centrais do país em termos de capacidade de resposta, dizendo que o Hospital de São João, no Porto, “tem um nível de produtividade muito superior” face ao Hospital de Santa Maria, de Lisboa.
“Então, se há um hospital que o consegue, por que é que os outros não conseguem também? Se os privados conseguem melhor também, por que é que o público não há de conseguir também? Isto é que nós temos de conseguir, isto é que não temos de exigir”, concluiu o presidente do PSD.
António Costa respondeu: “Em primeiro lugar gostaria de chamar a atenção de que o Hospital de São João não é nem privado nem gerido em PPP [Parceria Público Privada].
“É um hospital público. Portanto, só demonstra que não é pelo facto de ser privado ou de ser público que pode ser melhor ou pior”, contrapôs o líder socialista.
LUSA/HN
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