Estudo conclui que videojogos diminuem a dor e favorecem o processo de cura do cancro pediátrico

31 de Janeiro 2022

Segundo um estudo realizado pela Fundação Juegaterapia juntamente com uma equipa médica do Hospital La Paz de Madrid, o uso de videojogos diminui a dor das crianças com doenças oncológicas, reduzindo a administração de morfina e favorecendo o seu processo de curo.

O estudo publicado no Journal of Medical Internet Research é o primeiro a analisar o efeito benéfico da utilização de videojogos na gestão da dor aguda. Nesta investigação, às crianças com cancro que sofriam de mucosite, uma das consequências pós-quimioterapia mais dolorosas que as impede até de engolir saliva, foram oferecidas consolas para que jogassem videojogos enquanto eram monitorizadas com dois dispositivos: o Analgesia-Nociception Index Monitor (ANIR), que mede o ritmo cardíaco, e o sistema de pupilometria de vídeo AlgiscanR.

Os resultados obtidos demonstraram que o consumo de morfina reduzido em 20%, houve um aumento de 14% no tom parassimpático, que promove a cura, sendo que a dor foi reduzida em 14%. Com base nestes dados, os especialistas consideram que a utilização de videojogos poderia ser incluída no tratamento não farmacológico do cancro pediátrico.

“As implicações clínicas destas descobertas seriam importantes, porque os videojogos poderiam ser incluídos como parte do plano terapêutico não farmacológico para a mucosite oncológica pediátrica”, salienta Francisco Reinoso-Barbero, chefe da Unidade da Dor do Hospital Infantil de La Paz em Madrid e coautor do estudo.

Mario Alonso Puig, médico e Patrono Honorário da Fundação Juegaterapia, explica que “o sistema nervoso simpático em crianças com cancro é ativado quando confrontado com uma situação tão dura como a de ser internada no hospital. O sistema nervoso simpático mobiliza o corpo para que possamos fugir de uma ameaça, de um perigo. Contudo, a criança doente não pode fugir porque está de alguma forma ‘ancorada’ à sua quimioterapia. O sistema nervoso simpático, quando mantido ativo de forma sustentada, tem consequências muito negativas sobre o corpo. A mesma área do sistema nervoso que nos protege contra certos tipos de ameaças, o sistema nervoso simpático, está neste caso a trabalhar contra nós. A ativação sustentada do sistema nervoso simpático sobrecarrega o coração, promove a tensão arterial elevada e dificulta também o funcionamento do sistema imunitário, o que é essencial para enfrentar a doença”.

As conclusões do estudo levaram à Fundação Juegaterapia a aumentar os apelos  à doação de consolas por considerar que a experiência destas crianças nos hospitais é menos stressante e traumática quando são a perceção consciente da dor é diminuída graças aos videojogos.

HN/Vaishaly Camões

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