O número de mortes tenderá a crescer nos próximos anos, observa a LPCC, face aos atrasos do diagnóstico e tratamento, sendo que o grande impacto nas mortes por cancro deverá sentir-se dentro de um a cinco anos.
A LPCC defende que é importante e urgente que se verifique uma reorganização do sistema nacional de saúde em defesa do doente e uma maior aposta em programas de prevenção, deteção precoce e tratamento do cancro em Portugal. É importante, sobretudo, uma reorganização dos cuidados de saúde primários focada nos diagnósticos e na referenciação do doente com cancro, alerta a LPCC.
Relativamente ao programa de rastreios oncológicos nos cuidados de saúde primários, de acordo com dados do Estudo do Movimento Saúde em Dia, houve menos 18% de mulheres com mamografia realizada, menos 13% de mulheres sem registo de colpocitologia atualizada e menos 5% de utentes com rastreio do cancro do cólon e reto efetuado.
Os dados sugerem que muitos casos de novos cancros ficaram por identificar durante os anos de pandemia.
Além da diminuição do número de rastreios, que teve impacto direto nos diagnósticos de cancro, a LPCC aponta a diminuição da capacidade assistencial dos cuidados de saúde primários, face à necessidade de dar resposta à pandemia, como fator que contribuiu para a redução de diagnósticos. Nos casos em que não havia um diagnóstico precoce organizado e que constituem cancros mais agressivos – cancro do pulmão, intestino e fígado, por exemplo – verificaram-se mais diagnósticos tardios.
Por outro lado, as restrições resultantes da pandemia por Covid-19 obrigaram a LPCC a suspender o programa de rastreio de cancro da mama durante seis meses em 2020/2021. Em 2019, foram efetuadas 339.164 mamografias nas unidades móveis e fixas. Este número teve uma descida abrupta em 2020, para 170 mil mamografias, mas foi possível uma normalização do número de mulheres rastreadas em 2021, com 353.062 mamografias efetuadas.
A Liga Portuguesa Contra o Cancro diz também que o tempo de espera pela emissão de atestados de incapacidade multiuso ao doente oncológico aumentou durante a pandemia e que há doentes a aguardar há mais de dois anos por um documento essencial para acederem aos benefícios, nomeadamente fiscais. A LPCC afirma que a situação piorou devido à suspensão de juntas médicas, sendo que o maior problema está nos doentes diagnosticados durante a pandemia.
De acordo com dados do Globocan, o cancro é a segunda causa de morte mais frequente em Portugal, com 60.467 novos casos em 2020. O cancro colorretal é o mais comum em Portugal, com 10.501 novos casos, seguindo-se o da mama (7.041), o da próstata (6.759) e o do pulmão (5.415). Os números mais recentes da incidência são de 2020.
PR/HN/Rita Antunes
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