Ministro da Saúde destaca importância do registo de casos de cancro em Cabo Verde

5 de Fevereiro 2022

O ministro da Saúde cabo-verdiano destacou esta sexta-feira a importância dos registos de casos de cancro no país, entendendo que isso permite uma noção “mais fidedigna” sobre a prevalência e incidência de novos casos no país.

“Em várias áreas, nomeadamente algo muito importante, apresentado no Mindelo hoje, a questão dos registos de cancros. Portanto, numa base de registo populacional de cancro que permite-nos ter uma noção mais fidedigna sobre a prevalência, a incidência de novos casos em Cabo Verde”, destacou Arlindo do Rosário, que falava na cerimónia oficial para assinar o Dia Mundial de Luta Contra a Cancro no país.

O titular da pasta da Saúde sublinhou o envolvimento de organizações não-governamentais que atuam no setor privado, de forma a diagnosticar mais precocemente os casos e tratar alguns casos no país.

Entretanto, disse que ainda há um longo caminho a percorrer: “Hoje, já tratamos de muitos casos em Cabo Verde, mesmo há aqueles que depois acabam por ser evacuados para fora e há ainda os casos que depois de uma fase de tratamento em Portugal, continuam em Cabo Verde”.

A nível nacional, Arlindo do Rosário avançou que são diagnosticados uma média de 600 novos casos por ano e morrem cerca de 400 pessoas de cancro, com as doenças oncológicas a constituírem a segunda maior causa de transferências para o exterior do arquipélago.

Para o ministro, trata-se um “real problema de saúde pública”, que afeta não só Cabo Verde, mas também o mundo. “Só para se ter uma ideia, no ano de 2020, foram detetados cerca de 19,3 milhões de novos casos de cancro. Em termos de mortalidade, anda à volta de 10 milhões”, enumerou.

Arlindo do Rosário sublinhou a importância de se atuar na prevenção do cancro, tendo avançado algumas medidas que podem ser tomadas, sobretudo a nível comportamental.

“Pelo menos um terço dos casos diagnosticados em Cabo Verde são casos que têm também fatores de risco determinados procedentes, falo da questão do tabagismo, alcoolismo e até o sedentarismo e obesidade, que são fatores que também contribuem para o aparecimento do cancro”, indicou.

O ministro avançou que Governo vai levar ao parlamento alguns diplomas, nomeadamente em termos de tabagismo e transplante com dadores vivos.

“Na próxima semana, teremos a oportunidade de apresentar ao parlamento a proposta sobre o tabagismo, da mesma forma que fizemos em relação ao consumo do álcool. Iremos levar a possibilidade também de transplante, sobretudo o transplante renal. Já estamos a trabalhar neste processo que irá permitir o transplante sobretudo nos dadores vivos por forma a melhorar a situação” explicou, considerando que a hemodiálise não deve ser uma solução definitiva.

Ao nível do cancro do colo do útero, muito frequente em Cabo Verde, o ministro garante que se está a trabalhar não só no rastreio e no diagnóstico precoce, mas também na vacinação contra o vírus do papiloma humano (HPV), iniciada em meados de 2021.

“Cerca de 96% das meninas com idade até os 10 anos já receberam a vacina. Vamos continuar este processo. É evidente que o impacto não será imediato, mas teremos a médio e longo prazo um resultado considerável”, perspetivou o governante.

Durante a cerimónia, foram ainda assinados dois protocolos de colaboração, um entre o Hospital Agostinho Neto (HAN), da Praia, e a Fundação Calouste Gulbenkian para instalação de um Laboratório de Biologia Molecular no HAN, e o segundo entre o mesmo hospital e o Instituto Português de Oncologia do Porto, na área de formação e investigação.

A assinatura destes dois protocolos é considerada pelo ministro da Saúde como sendo num “passo importante” para a abordagem do cancro em Cabo Verde.

LUSA/HN

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