“O aumento dos preços da energia é uma séria preocupação, em particular, devido ao grave impacto sobre as famílias mais vulneráveis e sobre as empresas mais expostas, especialmente como as de pequena e média dimensão”, declarou o vice-presidente executivo da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis.
Intervindo num debate sobre a situação económica da UE na comissão de Assuntos Económicos do Parlamento Europeu, em Bruxelas, o responsável apontou que “estas subidas de preços são também a principal força motriz por detrás de um forte aumento da inflação”.
“Espera-se agora que as pressões sobre os preços se tornem mais amplas e que a inflação se mantenha elevada durante mais tempo do que anteriormente esperado. Embora isto tenha um impacto no poder de compra das pessoas, é importante que o pico da inflação não se torne enraizado”, vincou Valdis Dombrovskis.
Ainda assim, o vice-presidente do executivo comunitário disse estar “confiante de que os bancos centrais, e especificamente o Banco Central Europeu dentro da zona euro, cumpram o seu mandato de estabilidade de preços”.
A posição surge dias depois de o gabinete estatístico da UE, o Eurostat, ter divulgado que a taxa de inflação homóloga da zona euro registou 5,1% em janeiro deste ano, um novo recorde desde o início da série em 1997.
De acordo com o Eurostat, a tendência de subida de preços mantém-se desde o segundo semestre de 2021, puxada principalmente pelo setor da energia.
Também presente na ocasião, o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, admitiu que, juntamente com a propagação da variante de preocupação do SARS-CoV-2 Ómicron, esta subida dos preços energéticos e o estrangulamento das cadeias de abastecimento causam uma “incerteza ainda muito elevada” na recuperação económica europeia.
“Temos de permanecer vigilantes para evitar que a recuperação se desvie do seu caminho, uma vez que ainda enfrentamos vários riscos de queda e ventos adversos”, adiantou Paolo Gentiloni.
Na passada sexta-feira, analistas consultados pelo Banco Central Europeu (BCE) reviram em alta as previsões de inflação e esperam agora que a taxa atinja 3% em 2022, contra 1,9% no inquérito anterior realizado no quarto trimestre.
Estes analistas atribuíram as revisões em alta principalmente aos aumentos dos preços da energia e ao impacto dos desequilíbrios entre a oferta e a procura.
O BCE tem como principal mandato a estabilidade dos preços, pelo que estabeleceu, em 2021, uma nova estratégia que contempla um objetivo de inflação de 2% a médio prazo, uma meta mais flexível que admite desvios temporários e moderados.
A contribuir para a elevada inflação estão, de momento, os custos energéticos e os problemas nas cadeias de abastecimento globais, por questões como a tensão geopolítica mundial, numa altura em que o conflito entre a Rússia e a Ucrânia se intensifica e causa novas perturbações no fornecimento de gás russo à Europa.
A escalada dos preços da luz devido à subida no mercado do gás, à maior procura e à descida das temperaturas ameaça exacerbar a pobreza energética na Europa por causar dificuldades no pagamento das contas de aquecimento.
LUSA/HN
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